Reino Unido impõe autoisolamento a idosos e suspeitos de contágio

Primeiro-ministro Boris Johnson diz que contato social deve ser restrito; escolas continuarão abertas

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Bruxelas

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, proibiu eventos públicos e recomendou que as pessoas saiam o mínimo possível de casa e adotem o trabalho remoto, como forma de conter a pandemia de coronavírus.

Quem tiver sintomas de gripe (mesmo leves, como tosse ou febre) deve ficar em autoisolamento por 14 dias, e idosos acima de 71 anos ou doentes devem cumprir quarentena por quatro meses.

Não há prazos definidos para as restrições, mas elas devem durar no mínimo um mês, segundo o principal conselheiro científico de Boris, Patrick Valance.

Para garantir as medidas, o governo prepara legislação para aumentar seu poder de controle sobre as pessoas.

Policiais poderão deter quem considerarem que está ameaçando outros de contágio e quem estiver se colocando em risco.

A imprensa britânica havia falado em multas de mil libras (cerca de R$ 6.000) e até prisão; questionado sobre sanções, porém, Boris não respondeu diretamente.

Disse que, de acordo com a lei, o governo pode até proibir apertos de mãos, mas "estou seguro de que as pessoas vão entender a necessidade das medidas".

Trabalhadores das áreas de saúde serão testados para garantir que não têm o vírus. Os testes serão reservados também a quem apresentar sintoma da doença.

O primeiro-ministro disse que pessoas em isolamento devem “manter distância dos outros, fazer exercícios e pedir que façam suas compras”.

“Sem uma ação drástica, os casos podem dobrar a cada cinco dias”, afirmou o primeiro-ministro. “Chegou a hora de evitar todo contato não essencial e viagens não essenciais.”

O anúncio foi feito minutos depois de a Comissão Europeia anunciar o fechamento das fronteiras da Europa por 30 dias, como forma de conter o contágio.

Desde a chegada do coronavírus ao país, Boris vinha evitando medidas mais drásticas, seguido a orientação de Valance, que defende que a população possa ser exposta ao vírus e desenvolver imunidade, o que deixaria o país mais seguro no longo prazo.

A mudança de rumo do governo britânico começou a aparecer na noite de domingo, quando o governo admitiu a possibilidade de apertar as restrições a circulação e aglomerações.

Um relatório do Public Health England obtido pelo jornal Guardian diz que 80% dos britânicos podem contrair o vírus se a política britânica for mantida, com até 8 milhões de doentes necessitando de internação.

“Se a taxa de mortalidade ficar em torno de 1%, como têm estimado especialistas, o Reino Unido pode chegar a 531 mortos”, afirma o documento.

A organização estima ainda que a crise pode durar até o ano que vem, com uma redução de novos casos no verão, mas uma recidiva a partir do outono.

Apesar das novas restrições, a abordagem de Boris ainda é mais branda que a de outros governos, uma vez que escolas e comércio não foram fechados.

O Reino Unido é o único dos maiores países europeus a não suspender aulas.

​Boris também se reuniu nesta segunda com presidentes de grandes companhias para tentar reforçar a produção de equipamentos de ventilação, necessários para os cerca de 5% de casos mais graves de doença, nos quais a capacidade de respiração é afetada.

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