Após Trump considerar suspensão de voos do Brasil, Bolsonaro conversa com presidente americano

Segundo chanceler Ernesto Araújo, no entanto, medida não foi discutida no telefonema

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Brasília

Atualmente em posições opostas no enfrentamento ao coronavírus, Jair Bolsonaro e Donald Trump conversaram por telefone nesta quarta-feira (1º).

Um dia antes, o presidente americano disse que considera suspender os voos do Brasil que chegam aos EUA para tentar conter o avanço da pandemia.

"Nesta manhã tive contato telefônico com o presidente dos EUA, Donald Trump. Trocamos informações sobre o impacto da Covid-19, bem como experiências no uso da hidroxicloroquina. Na oportunidade, reafirmamos a solidariedade mútua entre os dois países", escreveu Bolsonaro em uma rede social.

O presidnete Jair Bolsonaro, ao centro, ao lado do chanceler Ernesto Araújo, à esq., e do almirante Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos, durante ligação ao presidente dos EUA, Donald Trump
O presidente Jair Bolsonaro, ao centro, ao lado do chanceler Ernesto Araújo, à esq., e do almirante Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos, durante ligação ao presidente dos EUA, Donald Trump - Reprodução

O presidente brasileiro divulgou uma foto em que aparece ao lado do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e do almirante Flávio Rocha, secretário de Assuntos Estratégicos.

Em um rápido pronunciamento no fim da manhã, Bolsonaro não deu mais detalhes sobre a conversa e apenas se referiu ao coronavírus como um "problema mundial".

"E​stamos juntos na busca do melhor para nossos países", afirmou o brasileiro.

No final da tarde, em entrevista à imprensa, o chanceler brasileiro disse que uma eventual suspensão dos voos do Brasil não foi tratada na conversa com Trump.

Segundo ele, há atualmente 5.800 brasileiros no exterior sem conseguir retornar ao país. O ministro destacou que, desde o início da pandemia, cerca de 10 mil foram repatriados.

Trump e Bolsonaro vinham adotando comportamento semelhante no início da crise do coronavírus. Depois, porém, enquanto o mandatário brasileiro prosseguiu na toada de minimizar o impacto do vírus, o colega americano mudou de posição.

Em entrevista coletiva na Casa Branca nesta terça (31), Trump foi questionado sobre novas restrições de voos a países estrangeiros por um repórter que citou a negativa do brasileiro em impor restrições à circulação de pessoas.

Trump evitou responder sobre a posição de Bolsonaro, mas afirmou que estuda a possibilidade de bloquear os voos do Brasil para os EUA.

"Estamos observando muitos países e suas posições. O Brasil, você mencionou o presidente. O Brasil não tinha problema até há pouco tempo. Agora os números estão subindo e, sim, estamos considerando um veto [de viagens]", afirmou Trump.

A Casa Branca apresentou na terça-feira projeções sombrias sobre o avanço do coronavírus nos EUA e indicou que de 100 mil a 240 mil pessoas devem morrer no país nos próximos meses, mesmo com a adoção de medidas de distanciamento social.

Essa foi a primeira vez desde o início da pandemia que a força-tarefa do governo Trump apresentou números oficiais sobre o impacto do novo vírus na vida dos americanos e que o presidente, que diversas vezes minimizou a crise, deu tom mais sóbrio e realista ao seu discurso.

As previsões foram divulgadas no dia em que os EUA registraram mais de 3.700 mortes —785 somente nesta terça— e ultrapassaram a China em número de vítimas do coronavírus.​

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