Biden diz que Trump falhou em pedir à China que prestasse contas sobre coronavírus

Tema tornou-se campo de batalha das duas campanhas antes das eleições presidenciais americanas em novembro

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Reuters

Os americanos estão pagando o preço pelo fracasso do presidente Donald Trump em pressionar a China para que preste contas sobre a pandemia de coronavírus, afirma o ex-vice-presidente Joe Biden, que provavelmente será nomeado o candidato do Partido Democrata americano.

A questão está se consolidando como um grande campo de batalha das campanhas antes da eleição presidencial de novembro nos EUA.

Neste sábado (18), Trump disse que a China deve enfrentar as consequências se já tinha conhecimento sobre a pandemia do coronavírus. “Poderia ter sido interrompida na China antes de ter começado e não foi, e o mundo todo está sofrendo por isso”, disse ele.

O ex-vice-presidente Joe Biden durante um debate entre candidatos democratas
O ex-vice-presidente Joe Biden durante um debate entre candidatos democratas - Reuters

"Se foi um erro, um erro é um erro. Mas se eles foram conscientemente responsáveis, certamente deve haver consequências", disse o presidente americano. Ele não detalhou quais ações poderiam ser tomadas.

Trump inicialmente elogiou a resposta do dirigente chinês, Xi Jinping, ao coronavírus. Mas, depois, o presidente e outras autoridades americanas também se referiram ao problema como "vírus chinês" —a origem do vírus se tornou centro de uma disputa política entre os dois países.

O líder republicano também suspendeu a ajuda à Organização Mundial da Saúde (OMS), criticando a entidade por ter "acreditado nas garantias dadas pela China".

O comitê de ação política pró-Trump, America First Action, anunciou na quinta-feira (16) US$ 10 milhões (cerca de R$ 52 milhões) em novos anúncios de ataque contra Biden nos estados de Pensilvânia, Michigan e Wisconsin, classificando o ex-vice-presidente como amigo do Partido Comunista da China —enquanto destaca a decisão de Trump em janeiro para proibir as viagens vindas do país depois que o surto de coronavírus começou.

Os aliados de Biden receberam bem a disputa, argumentando que Trump enfraqueceu o controle de proteção de doença nos EUA e permitiu a rápida disseminação do novo coronavírus que surgiu na China, mas que já matou mais de 35 mil pessoas nos Estados Unidos, mais do que em qualquer outro país.

“A verdade desconfortável é que Donald Trump deixou a América exposta e vulnerável à pandemia. Ele ignorou os avisos de especialistas de saúde e de inteligência e colocou, no lugar, sua confiança em líderes chineses”, diz Biden em um vídeo.

O ex-vice-presidente também acusa Trump de encerrar o financiamento a um programa criado durante a administração de Barack Obama para mapear doenças infecciosas de emergência; de reduzir em dois terços os especialistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças na China; e de deixar vago o cargo de um funcionário americano para trabalhar junto da agência de controle de doenças da China.

O grupo político democrata American Bridge 21st Century Foundation divulgou a primeira onda de uma campanha publicitária anti-Trump de US$ 15 milhões (cerca de R$ 78 milhões) nesta sexta-feira (17), com anúncios também em Pensilvânia, Michigan e Wisconsin.

Os anúncios criticam Trump pela entrega de suprimentos médicos dos EUA para ajudar a China e por elogiar Xi Jinping pela condução da situação, apesar do ceticismo sobre a transparência do número de mortos na China, que agora é de cerca de 4.600, após passar por uma revisão, anunciada na sexta.

A campanha de Trump também criou o site "Beijing Biden" dedicado à angariação de fundos e a narrar as declarações passadas do democrata como "ingênuas".

À medida que o coronavírus se espalha, o ex-presidente vem aumentando o tom em relação à China, comparando seus líderes a Jack, o Estripador, durante um debate com o senador Bernie Sanders, que deixou a disputa à Casa Branca. “Eles são ditadores. Ponto final”, disse Biden à época.

Ainda assim, Biden pode ter que superar um legado de críticas —algumas de funcionários do governo Obama— de que a administração não respondeu a Pequim de forma adequada, principalmente na questão da militarização chinesa em ilhas artificiais.

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