A China fez ameaças veladas à Austrália nesta segunda-feira (27), depois que o país pediu uma investigação sobre a origem da Covid-19, cujos primeiros casos foram registrados na cidade chinesa de Wuhan.
Cheng Jingye, embaixador da China na Austrália, disse em uma entrevista nesta segunda (27) que o "público chinês" poderia passar a evitar produtos e universidades australianas.
"Talvez as pessoas comuns irão se perguntar: 'Por que eu deveria beber vinho australiano? Comer bife australiano?", disse Cheng, em entrevista ao jornal The Australian Financial Review.
Cheng disse ainda que os turistas podem reconsiderar visitas à Austrália. "Os pais dos estudantes também podem pensar se esse é o melhor lugar para mandar suas crianças."
Na semana passada, a Austrália pediu aos membros da OMS (Organização Mundial da Saúde) que apoiem uma investigação independente sobre a origem do novo coronavírus e faz lobby, com líderes estrangeiros para que a apuração seja realizada.
A chanceler australiana, Marise Payne, disse que uma "avaliação honesta" da pandemia fortaleceria o papel da OMS e condenou a posição da China.
"Nós rejeitamos qualquer ilação de que coerção econômica é uma resposta apropriada a um pedido para essa avaliação [sobre a origem do coronavírus], quando o que precisamos é de cooperação global", afirmou Payne.
A China é o maior comprador de vinhos e carnes da Austrália. Em 2018, houve tensão diplomática entre os dois países, e o vinho australiano teve atrasos nos processos de exportação para a China. O comércio de carne também enfrentou dificuldades, como a suspensão de pedidos chineses.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, criticou os pedidos de investigação durante uma entrevista coletiva em Pequim, mas não citou a Austrália.
"A China foi o primeiro país a reportar um caso de Covid-19, mas isso não significa que o vírus se originou na China", disse.
"Algumas pessoas estão tentando estimular uma investigação inconsistente com uma atmosfera internacional de cooperação, e suas manobras políticas não terão sucesso", acrescentou.
O novo coronavírus já infectou ao menos 2,97 milhões de pessoas e matou mais de 205 mil.
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