Coalizão saudita anuncia cessar-fogo em conflito com rebeldes houthis

Objetivo é permitir diálogo de paz mediado pela ONU e impedir expansão do coronavírus no Iêmen

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Washington | Reuters

A coalizão liderada pela Arábia Saudita que luta contra o grupo rebelde iemenita dos houthis anunciou nesta quarta (8) um cessar-fogo de duas semanas com possibilidade de extensão. A trégua começa ao meio-dia desta quinta-feira (9), pelo horário saudita.

O anúncio é o primeiro grande avanço desde que as Nações Unidas convocaram as partes em guerra no final de 2018, na Suécia.

Falando com repórteres por telefone, oficiais sauditas informaram que o objetivo do cessar-fogo é conceder aos houthis uma oportunidade de se juntar às conversas mediadas pela ONU com o governo do Iêmen, em uma tentativa de chegar a um acordo de paz para a guerra que já dura cinco anos.

Mas não está claro se os houthis seguirão a decisão da coalizão saudita, embora um porta-voz do grupo tenha postado em uma rede social nesta quarta que os rebeldes têm uma proposta de diálogo político para um período de transição.

Houthi carrega arma no centro de Sanaa, capital do Iêmen - Mohamed al-Sayaghi -02.abril.2020/Reuters

As partes devem se reunir por meio de videoconferência para discutir o plano de paz elaborado pela ONU, que pede a suspensão de todas as hostilidades aéreas, terrestres e navais.

Oficiais em Riade esperam que, durante esse período, o Conselho de Segurança da ONU pressione os houthis a participarem do cessar-fogo e se engajarem nas convesas com o governo iemenita.

Também alertaram que a Arábia Saudita vai "defender seu povo" caso a milícia realize algum ataque balístico durante o cessar-fogo. Os houthis controlam a capital do Iêmen, Sanaa, e a maior parte do norte do país.

Outra das razões da trégua é impedir o alastramento do coronavírus no país, que não registra casos confirmados até o momento.

Nos últimos meses, o Iêmen teve uma trégua nas ações militares depois de Arábia Saudita e houthis iniciarem conversas privadas no final do ano passado.

Mas um recente aumento na violência, incluindo mísseis balísticos disparados contra Riade no mês passado e ataques aéreos de retaliação realizados pela coalizão, ameaça acordos de paz frágeis em importantes cidades portuárias.

A TV estatal saudita informou que novos ataques houthis aconteceram em áreas residenciais de Hodeidah nesta quinta (9; horário do Iêmen), pouco antes do cessar-fogo começar oficialmente.

A coalizão liderada pela Arábia Saudita, que conta com o apoio de Estados Unidos, Reino Unido e grande parte dos Estados do Golfo Pérsico, interveio na guerra civil do Iêmen em março de 2015, depois que os houthis, com apoio do Irã, expulsaram, no final de 2014, o governo reconhecido internacionalmente da capital Sanaa.

O conflito é considerado uma guerra por procuração entre sauditas, que seguem a corrente sunita do Islã, e o Irã, que segue a corrente xiita e é seu principal inimigo regional.

A guerra matou mais de 100 mil pessoas e desencadeou uma crise humanitária urgente que levou milhões de iemenitas à fome, provocou surtos de cólera e forçou milhares a procurarem abrigo em campos de refugiados.

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