Foto de protesto no Sudão ganha mais importante prêmio de fotojornalismo

Imagem do japonês Yasuyoshi Chiba venceu o World Press Photo 2020

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Pessoas cantam durante protesto no Sudão; imagem é a vencedora do World Press Photo 2020 Yasuyoshi Chiba -19.jun.2019/AFP

São Paulo

Principal prêmio de fotojornalismo do mundo, o World Press Photo escolheu nesta quinta (16) a imagem do japonês Yasuyoshi Chiba como vencedora da edição 2020.

Intitulada "Straight Voice" (voz direta), o registro do fotojornalista da agência de notícias AFP capta o momento em que um jovem, iluminado pela luz de celulares, recita um poema entre manifestantes exigindo um governo civil em Cartum, capital do Sudão.

A fotografia de Chiba, que por anos trabalhou no Brasil, foi feita em 19 de junho do ano passado, durante a crise política em que o país africano mergulhou após o ditador Omar al-Bashir ser deposto pelo exército, em abril.

Ele governou a nação do norte do continente por três décadas, e o que se seguiu foi uma disputa de meses entre os militares e as forças pró-democracia pelo poder.

"Estou muito satisfeito por apoiar o povo sudanês na sua luta pela verdadeira democracia. A imagem expressa a paixão e o entusiasmo dos manifestantes. Senti-me como se eu fosse um deles. Testemunhei a vontade inabalável do povo, que não podia ser extinguida pela violência. Fico feliz por ter estado ali nesse dia, porque foi um golpe de sorte", disse o vencedor por meio de um comunicado.

Baseado em Nairóbi desde 2016, Chiba estudou fotografia em Tóquio. Começou sua carreira no diário Asahi Shibum, um dos principais jornais do Japão.

Tornou-se fotógrafo freelance quando se mudou para o Quênia, em 2007, onde cobriu a onda de violência após as eleições presidenciais no país. Em 2011, foi contratado pela AFP e integrou a equipe da agência em São Paulo.

Em 2019, a imagem escolhida como foto do ano foi a de uma criança chorando enquanto sua mãe é revistada por agentes dos Estados Unidos na fronteira do país com o México, realizada pelo americano John Moore.

O registro acabou se tornando símbolo da política de separação de crianças de seus pais na fronteira, determinada pelo presidente Donald Trump em 2018 —embora a criança na imagem não tenha sido separada da mãe.

Em entrevista à Folha, Moore criticou a forma como o governo americano lida com os imigrantes e descreveu a foto como “um breve momento de ansiedade de separação”.

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