Líder rebelde afirma que tomará o controle da Líbia

Haftar, que controla o leste do país, diz ter recebido mandato popular para governar

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Túnis (Tunísia) | Reuters

O marechal Khalifa Haftar disse na segunda-feira (27) que seu autoproclamado Exército Nacional da Líbia (LNA) "aceitou um mandato popular" para governar o país, desafiando assim o governo civil reconhecido internacionalmente.

Haftar, que iniciou uma guerra há um ano para capturar a capital Trípoli e outras partes do noroeste da Líbia, já controlava de fato o leste do país.

"Anunciamos que o comando geral está respondendo à vontade do povo, apesar do fardo pesado, das muitas obrigações e do tamanho da responsabilidade, e estaremos sujeitos ao desejo do povo", afirmou ele no breve discurso televisionado.

Khalifa Haftar durante discurso nesta segunda-feira (28)
Khalifa Haftar durante discurso nesta segunda-feira (28) - AFP

O general de 75 anos é um antigo oficial do Exército do ditador Muammar Gaddafi e chegou a receber apoio da CIA (a agência americana de inteligência). Ele é apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, Egito e Rússia.

Em 2014, Haftar anunciou que planejava unificar a Líbia sob seu controle e passou os três anos seguintes lutando para capturar a cidade de Benghazi, que estava sob domínio de milícias islâmicas. Com apoio estrangeiro, conseguiu estabelecer controle sobre boa parte da porção leste do país.

Quando a Líbia se esfacelou em uma guerra civil, também em 2014, a ONU, com apoio dos EUA, criou um governo de união sediado em Trípoli, o Governo de Unidade Nacional (GNA). O objetivo era pôr fim ao caos e à divisão que persistem no país desde o levante de 2011 que derrubou o ditador Muammar Gaddafi.

Desde 2015, o país está dividido em áreas controladas pelo GNA, que atua no noroeste e em Trípoli, e pelo LNA, no leste.

Ainda na segunda-feira, o marechal disse que o acordo que deu origem ao GNA havia chegado ao fim. Em 2017, ele já tinha afirmado que os termos do arranjo haviam expirado.

Embora o LNA tenha avançado no ano passado nos subúrbios do sul de Trípoli e tenha bombardeado a capital com frequência, perdeu terreno para forças pró-GNA durante os combates deste mês.

"Haftar mais uma vez expôs suas intenções autoritárias ao mundo. Ele não procura mais esconder seu desprezo por uma solução política e democracia na Líbia", disse Mohammed Ali Abdallah, consultor do GNA, num comunicado.

A Rússia, uma das principais aliadas de Haftar, descreveu o anúncio do marechal como surpreendente. O Kremlim "continua convencido de que a única solução possível na Líbia é por meio da comunicação política e diplomática entre todas as partes, sobretudo as que estão em conflito", disse o porta-voz Dmitry Peskov.

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