Porta-voz de Trump deixa o cargo sem nunca ter participado de uma entrevista coletiva

Terceira a ocupar o cargo em três anos, Stephanie Grisham voltará a trabalhar com a primeira-dama americana

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São Paulo e Washington | Reuters e AFP

Uma das funções de um porta-voz é responder a perguntas em nome de seu chefe.

Mas em cerca de dez meses no cargo, a agora ex-secretária de imprensa da Casa Branca Stephanie Grisham nunca apareceu na sala de briefing para representar o presidente Donald Trump e responder a perguntas de jornalistas, algo muito incomum nos Estados Unidos.

A saída de Grisham, 43, do cargo foi anunciada nesta terça-feira (7). Ela voltará a ser chefe de gabinete da primeira-dama, Melania Trump. O nome de seu substituto ainda não foi divulgado.

Stephanie Grishan acompanha entrevista de Donald Trump durante voo do Air Force One, em agosto - Saul Loeb - 7.ago.2019/AFP

A porta-voz estava no cargo desde junho de 2019, e foi a terceira pessoa a ocupar a função desde o início do governo Trump, há pouco mais de três anos.

Trump prefere responder diretamente à imprensa, em entrevistas coletivas e encontros quase diários, frequentemente marcados por momentos de confronto e ofensas a repórteres.

Nos últimos meses, o presidente enfrentou um processo de impeachment, do qual foi absolvido, quase iniciou uma guerra contra o Irã e agora lida com a crise do coronavírus.

Nesse período, Grisham evitava cruzar com repórteres nos corredores da Casa Branca e deu algumas entrevistas na TV, especialmente para a Fox News, mais alinhada a Trump.

Sua atuação foi alvo de críticas de ex-funcionários do governo e de líderes militares, que divulgaram uma carta em janeiro pedindo a volta dos encontros entre porta-voz e a imprensa, uma tradição vinda de muitos governos anteriores.

Também em janeiro, o apresentador Anderson Cooper, da CNN, perguntou em seu programa porque a população deveria pagar a ela US$ 183 mil (R$ 958 mil) anuais de salário para dar informações, sendo que ela não estava cumprindo essa missão.

Em resposta às críticas, ela disse na época que fazia seu trabalho nos bastidores e que era acessível aos jornalistas.

Antes de chegar a Washington, Grisham foi auxiliar na Assembleia estadual do Arizona e atuou na campanha de Trump na parte de relações com a imprensa.

Após a posse, tornou-se porta-voz de Melania e depois assumiu outras funções no escritório da primeira-dama.

Em seu período como secretária de imprensa da Casa Branca, ela também fez ataques a veículos como CNN e The Washington Post, acusando-os de fazer uma cobertura tendenciosa contra Trump.

Nas últimas semanas, Grisham teve de cumprir quarentena por ter tido contato com a delegação do presidente Jair Bolsonaro, que visitou a Flórida em março.

Ao menos 25 pessoas ligadas ao líder brasileiro receberam o diagnóstico de coronavírus.

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