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Depoimento

Pouco contato físico ajuda a entender números baixos da pandemia em Taiwan

Aos poucos, ruas e estabelecimentos começaram a retomar seu ritmo

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Kevin Tai
Taipé (Taiwan)

A convite da Folha, seis pessoas que moram na Ásia contam como a região está enfrentando a pandemia de coronavírus.

Depoimentos de Coreia do Sul, Japão, China, Hong Kong, Tailândia e este, de Taiwan, descrevem os diferentes controles adotados pelos governos locais e como os moradores estão tentando manter a rotina sob as novas regras.

Taiwan teve seu primeiro paciente confirmado de Covid-19 em 21 de janeiro. Hoje, registra 348 casos e cinco mortes, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins até a noite de sexta-feira (3).

Em comparação a outros países, os números são pequenos, e foram fatores sócio-político-culturais e tecnológicos os principais motivos que contiveram o agravamento da epidemia.

Em Taiwan, uma ilha no extremo leste da Ásia, com 23 milhões de habitantes e área correspondente a pouco mais de 10% da do estado de São Paulo, existe muito pouco contato físico.

Aqui, saudar e se despedir é no máximo com um acenar de mãos ou cabeça, diferentemente do Brasil.

Mulheres com máscara passam por cerimônia da bandeira em Taipei, Taiwan
Mulheres com máscara passam por cerimônia da bandeira em Taipei, Taiwan - Ann Wang - 11.mar.20/Reuters

O uso de máscaras é algo comum no dia a dia do taiwanês. É como uma peça de vestuário, algo indispensável ao sair de casa.

Com a falta do item nos estoques, sua venda começou a ser controlada, mas o governo tem investido no aumento da produção e na qualidade das máscaras, e o abastecimento tem suprido a alta demanda.

Para proteger a população diante do agravamento da pandemia, Taiwan proibiu a entrada de estrangeiros, e, para sair do país, é necessário fornecer uma justificativa plausível.

O rastreamento de pessoas infectadas foi reforçado não só no principal aeroporto de Taiwan, mas também nas linhas de transporte nacional, com câmeras que monitoram temperatura corporal e higienização constante.

Todos os cidadãos que retornam do exterior, não importa a origem, são obrigados a fazer quarentena domiciliar por 14 dias. Quem burla essa regra pode ser penalizado com multa entre R$ 34 mil e R$ 174 mil.

O distanciamento social sempre foi voluntário, mas, logo após a confirmação dos primeiros casos, os taiwaneses começaram a sair menos de casa.

As ruas e os estabelecimentos começaram a ficar cada vez menos movimentados, mas aos poucos vêm retomando seu ritmo.

A maioria dos supermercados, hospitais, bancos, feiras de rua e escolas segue em atividade normal ou com horários reduzidos.

Por sorte, consegui retornar a Taiwan do Brasil antes da restrição da entrada de estrangeiros.

Aqui, sigo o dia a dia como qualquer outro, fazendo compras, trabalhando, utilizando transporte público, mas seguindo todas as orientações fornecidas pelo Centro de Controle de Doenças.

As medidas adotadas pelo governo foram essenciais para que Taiwan ganhasse destaque no cenário de saúde mundial, chamando a atenção da comunidade médica e de muitos líderes internacionais.

Hoje, está em busca de uma vacina. Por ser uma ilha pequena, diante dos olhos de muitos ainda deixa a desejar, mas acredito que seu potencial está nos números, que demonstraram muito mais do que mil palavras.

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