Descrição de chapéu Coronavírus

Suécia ameaça fechar bares e restaurantes que não reduzirem lotação

Regra é de no máximo 50 pessoas, só sentadas; país é um dos poucos europeus sem quarentena rígida

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Bruxelas

Um dos poucos países europeus que não implantaram uma quarentena para combater o coronavírus, a Suécia anunciou nesta sexta (24) que vai apertar a fiscalização de bares e restaurantes.

“Deixe-me ser extremamente claro: não quero ver restaurantes ao ar livre lotados em Estocolmo”, disse o ministro do Interior, Mikael Damberg, em entrevista publicada por jornais escandinavos.

A cena de grupos aproveitando o bom tempo nos cerca de 1.500 restaurantes ao ar livre da capital tem sido cada vez mais comum conforme avança a primavera.

Suecos aproveitam calor em restaurante ao ar livre em Estocolmo
Suecos aproveitam calor em restaurante ao ar livre em Estocolmo - Anders Wilklund - 22.abr.20/AFP

Entre outras coisas, os restaurantes são proibidos de permitir reuniões de mais de 50 pessoas no mesmo local e obrigados a garantir que elas não fiquem de pé ou próximas umas das outras.

Na Suécia, lojas e escolas também continuam abertas. Há restrições à circulação para maiores de 70 anos e doentes e orientação para que as pessoas circulem o mínimo possível e trabalhem de casa, mas sem obrigatoriedade ou punições.

"Meu objetivo não é fechar restaurantes, mas, se eles não cumprirem as restrições, serão fechados", disse o ministro.

“As restrições não são apenas dicas; devem ser seguidas”, afirmou a prefeita de Estocolmo, Anna König Jerlmyr, que também participou da entrevista.

A administração municipal disse que fará fiscalizações “24 horas por dia” e pediu que a população denuncie irregularidades pelo aplicativo oficial.

Estocolmo é a cidade mais afetada pelo coronavírus na Suécia, com 6.681 dos 17.563 casos confirmados no país, segundo estatísticas da agência de saúde pública sueca.

O país tem o 13º maior número de casos entre 46 Estados europeus.

Segundo estimativas dos epidemiologistas que aconselham o governo, 26% dos quase 1 milhão de residentes na capital devem ter tido contato ou estar infectados com o coronavírus no começo de maio. No país, calcula-se que o contato com o coronavírus esteja entre 15% e 20%.

Segundo a agência de saúde pública, o número de mortes por dia parou de crescer, mas permanece em nível considerado alto. O pico diário de mortes (110) foi registrado no dia 8 de abril.

O IHME (instituto de métricas e análise de saúde da Universidade de Washington) projeta uma tendência crescente para as mortes diárias na Suécia até 21 de maio, quando, pela estimativa mediana, seriam registradas 252 mortes.

No total, até o momento, há 2.152 mortos, 9º maior número na Europa, a mesma colocação quando se considera a taxa de letalidade em relação à população.

Até esta sexta (24) eram 20 mortes por 100 mil habitantes, enquanto seus vizinhos escandinavos tinham menos de um terço: 6,8 mortos/100 mil na Dinamarca, 3,6 na Noruega e 3,1 na Finlândia.

Pela manhã, em entrevista a um dos canais de rádio da BBC, o epidemiologista que orienta o governo sueco, Anders Tegnell, disse que a estratégia adotada deixa a Suécia em melhor posição para enfrentar um repique da pandemia quando os outros países começarem a reduzir restrições.

Tegnell afirmou também que, apesar de apresentar contágio e mortes maiores que os de muitos países europeus, a transmissão foi contida e o sistema de saúde não ficou sobrecarregado.

O epidemiologista afirmou que, durante toda a pandemia, a ocupação das UTIs não passou de 80%.

Sobre a taxa de letalidade, Tegnell disse que até 50% das mortes registradas no país aconteceram em asilos, onde as visitas haviam sido proibidas.

“É difícil saber se um lockdown teria evitado essas mortes”, afirmou.

O epidemiologista diz que não é possível afirmar que estratégias baseadas em quarentena restrita são mais apropriadas ou “cientificamente embasadas”, já que há ainda há muitas dúvidas sobre como o coronavírus se comporta.​

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