Tribunal peruano concede liberdade sob fiança a Keiko Fujimori

Filha do ex-ditador Alberto Fujimori é acusada de envolvimento no escândalo da Odebrecht

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Lima | AFP

A Justiça do Peru libertou sob fiança nesta quinta-feira (30) a líder da oposição, Keiko Fujimori. Ela cumpria prisão preventiva há três meses por suposto envolvimento no escândalo de corrupção da construtora brasileira Odebrecht no país.

A filha mais velha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000) havia pleiteado recentemente sua soltura devido ao risco de contrair o coronavírus na prisão de Chorrillos, em Lima, onde está detida desde 29 de janeiro.

keiko fujimori cerca de policiais que a separam de multidão
Keiko Fujimori chega a um tribunal na capital, Lima, no fim de janeiro - Luka Gonzales - 28.jan.20/AFP

No entanto, sua libertação foi decretada por decisão de um recurso apresentado numa ocasião anterior por sua advogada, Giulliana Loza. Keiko continuará sendo investigada pelo Ministério Público antes que o caso seja finalmente levado a julgamento.

"Acabamos de ser notificados de que o Judiciário revogou a prisão preventiva de Keiko. Graças a Deus por esta oportunidade de viver e cuidar de sua família", disse Loza numa rede social.

Keiko estava detida desde 29 de janeiro por causa de uma investigação da promotoria sobre suposta lavagem de dinheiro de contribuições ilegais que ela teria recebido da Odebrecht para suas campanhas presidenciais de 2011 e 2016.

A filha do ex-presidente pode ser solta já na próxima semana, mediante pagamento da fiança de 70 mil soles (cerca de R$ 115 mil).

Segundo sua advogada, Keiko é hipertensa e tem arritmia cardíaca, o que a faria ser parte do grupo de risco da Covid-19.

Ainda nesta quinta, o Judiciário peruano concedeu prisão domiciliar à ex-prefeita socialista de Lima, Susana Villarán, que cumpria prisão preventiva há um ano também pelo escândalo da Odebrecht.

A defesa de Villarán, que tem 70 anos e que sofre de lúpus, uma doença do sistema imunológico, alegou que a ex-prefeita faz parte grupo do grupo de risco do novo coronavírus.

Até o momento, o Peru registrou 1.051 mortes e mais de 36.900 casos confirmados da Covid-19.

Caso Odebrecht no Peru

Além de Keiko Fujimori, 44, o escândalo de pagamentos ilegais da Odebrecht a políticos peruanos envolveu quatro ex-presidentes e dezenas de oficiais de vários governos.

O ex-presidente Alan García (1985-1990 e 2006-2011) se matou em 17 de abril de 2019, quando seria preso, enquanto Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) renunciou e está em prisão domiciliar.

Ollanta Humala (2011-2016) e sua esposa foram presos por nove meses e aguardam julgamento.

O também ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), detido nos Estados Unidos desde julho de 2019, obteve recentemente prisão domiciliar, alegando que ele poderia contrair a Covid-19.

Ex-chefes da Odebrecht colaboram com a justiça desde 2017 prestando depoimentos e fornecendo evidências contra políticos peruanos.

Keiko é a chefe do partido Força Popular Fujimorista e estava perto de ganhar a Presidência em 2011 e 2016, favorecida pela popularidade de seu pai, que cumpre uma sentença de 25 anos por violações de direitos humanos.

Atualmente, porém, sua atitude beligerante e as acusações de corrupção diminuíram sua influência, o que fortaleceu o atual presidente, Martín Vizcarra.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.