O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, demitiu na segunda (6) o inspetor-geral responsável por supervisionar a implantação do pacote econômico de US$ 2,3 trilhões aprovado pelo Congresso como socorro durante a pandemia de coronavírus.
Independente (sem filiação partidária), Glenn Fine havia sido nomeado na semana passada para liderar um comitê composto de outros oito supervisores provenientes de diversas agências governamentais.
O papel do colegiado é fiscalizar a atuação do governo em relação ao estímulo financeiro, investigando suspeitas de fraude, desperdício ou abuso. O fundo, o maior da história americana, dá auxílio financeiro para indivíduos, famílias e pequenas empresas prejudicadas pela pandemia.
Uma porta-voz do Departamento de Defesa não explicou por que ele foi removido da função, mas disse que ele retornará ao seu posto fixo no Senado como vice-inspetor do Pentágono.
Fine é um ex-inspetor geral do Departamento de Justiça que ganhou reputação de independente ao investigar o uso pelo FBI de vigilância e de outros poderes de aplicação da lei nos anos seguintes aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
No seu lugar entra o inspetor-geral da Agência de Proteção Ambiental, Sean O’Donnell, mas, embora ele já faça parte do colegiado, ainda precisa passar pelo crivo dos outros membros para assumir o cargo principal.
A destituição de Fine é a mais recente incursão de Trump na comunidade de investigadores independentes do governo. Na sexta (4), o presidente demitiu o inspetor-geral de inteligência que teve papel fundamental no processo de impeachment do republicano, Michael Atkinson.
Ele levou a legisladores a denúncia anônima do telefonema entre Trump e o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, estopim para o pedido de afastamento do presidente americano.
A demissão de Fine "parece fazer parte de uma tendência alarmante do governo Trump de remover inspetores gerais independentes e substituí-los pelos leais ao presidente", disse o senador democrata Jack Reed.
Trump também começou a atacar fortemente a inspetora-geral de Saúde e Serviços Humanos, Christi Grimm, após um relatório de seu escritório que descreveu atrasos generalizados nos testes de coronavírus e problemas de suprimento nos hospitais do país.
"Outro dossiê falso!", postou Trump em uma rede social, dizendo que o relatório tinha motivações políticas contra ele. Mas o republicano omitiu o fato de que Grimm atua como fiscal federal desde 1999, tendo passado, portanto, por mandatos de presidentes democratas e republicanos.
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