Descrição de chapéu Coronavírus

Trump diz que estava sendo sarcástico ao sugerir injeções de desinfetante

Especialistas criticaram a 'limpeza por dentro' cogitada pelo presidente americano

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Washington | AFP

Após gerar forte reação de especialistas, o presidente dos EUA, Donald Trump, minimizou nesta sexta-feira (24) suas declarações sobre o uso de injeções de desinfetante para combater o coronavírus.

A jornalistas na Casa Branca, Trump disse que foi sarcástico quando fez a sugestão. “Eu estava fazendo uma pergunta sarcástica a repórteres como você, apenas para ver o que aconteceria.”

Ele estava, na verdade, conversando diretamente com William Bryan, subsecretário interino de Ciência e Tecnologia do Departamento de Segurança Interna dos EUA, que acabara de fazer uma apresentação.

Donald Trump em entrevista no Salão Oval da Casa Branca, nesta sexta-feira (24)
Donald Trump em entrevista no Salão Oval da Casa Branca, nesta sexta-feira (24) - Jonathan Ernst/Reuters

Já neste sábado, o presidente publicou em rede social que as entrevistas coletivas quase diárias na Casa Branca não valiam o "esforço e o tempo" investidos.

"Qual o propósito de ter entrevistas coletivas na Casa Branca quando a grande mídia suja pergunta nada além de questões hostis e depois se recusa a reportar a verdade ou fatos com acurácia", escreveu Trump no Twitter.

"Eles recebem dados recordes, e os americanos recebem nada além de fake news. Não vale o esfoçro e o tempo."

Segundo o jornal britânico The Guardian, o presidente dos EUA passou o sábado em reunião com seus assessores de campanha. Eles alertaram Trump que suas declarações o estavam prejudicando na disputa eleitoral.

Na quinta, o republicano sugeriu que injeções de desinfetante poderiam combater o coronavírus. Bryan havia acabado de mostrar slides resumindo os resultados de um experimento que concluiu que o coronavírus é menos perigoso em ambientes mais quentes e úmidos. O estudo também analisou o efeito dos desinfetantes.

Trump disse então que, ao ver que "o desinfetante derruba o coronavírus em um minuto", "pode existir uma maneira de fazer algo desse tipo por dentro, com uma injeção, ou quase como uma limpeza".

"Porque, veja bem, ele entra nos pulmões e faz um trabalho tremendo nos pulmões, então seria interessante checar isso. Então, será preciso ver com os médicos, mas soa interessante para mim.”

O republicano também fez alusão a um possível tratamento utilizando radiação ultravioleta contra a Covid-19. “Talvez seja possível, talvez não seja. Eu não sou médico. Mas eu sou, tipo, uma pessoa que tem um bom você sabe o quê”, disse.

Não há evidências científicas que sustentem as sugestões do presidente americano.

Ao lado de Bryan estava Deborah Birx, coordenadora da força-tarefa do governo contra o coronavírus. Ela ouviu o presidente com uma expressão de estranhamento, que viralizou nas redes sociais.

Quando foi diretamente questionada por Trump sobre a possibilidade de usar luz e calor contra a Covid-19, Birx respondeu: "Não como um tratamento".

As declarações geraram reações de diversos especialistas do país, epicentro da pandemia, com 890 mil casos e 51 mil mortes. Fabricantes de produtos de limpeza também se pronunciaram, pedindo que as pessoas respeitem as diretrizes de uso.

Um deles, o grupo Reckitt Benckiser, um dos maiores produtores mundiais, divulgou uma nota. “Devemos deixar claro que, sob nenhuma circunstância, nossos produtos desinfetantes devem ser administrados ao corpo humano (por injeção, ingestão ou qualquer outra via). Por favor, leia o rótulo e as informações de segurança.”

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