Em biografia autorizada publicada nesta segunda-feira (4), na Alemanha, o papa emérito Bento 16, conhecido por suas posições conservadoras, comparou o casamento entre pessoas do mesmo sexo ao "anticristo".
Joseph Ratzinger, 93, alega ser vítima de uma "distorção maligna da realidade" no livro que recebeu o título "Bento XVI - Uma Vida" e que inclui várias entrevistas, de acordo com os trechos publicados pela imprensa alemã e pela agência de notícias DPA.
Na biografia, Bento 16, que foi papa entre 2005 e 2013, reitera a oposição ao casamento gay, afirmando que vê neste a obra do "anticristo", uma força maléfica que busca substituir Jesus Cristo.
"Há um século seria considerado absurdo falar sobre casamento homossexual. Hoje, quem se opõe a ele é excomungado da sociedade. Acontece a mesma coisa com o aborto e a criação de vida humana em laboratório", afirma Ratzinger.
De acordo com o papa emérito, "a verdadeira ameaça para a Igreja é a ditadura mundial de ideologias que se pretendem humanistas".
"A sociedade moderna está formulando um credo ao anticristo que supõe a excomunhão da sociedade quando alguém se opõe."
Em sua biografia, Bento 16 afirma que seus opositores desejam calar sua voz. "O espetáculo de reações vindas da teologia alemã é tão equivocado e mal-intencionado que eu prefiro não falar sobre isto", afirma.
Na Alemanha, onde a Igreja Católica é comandada por clérigos considerados reformistas, Ratzinger é criticado com frequência por suas opiniões sobre islã ou questões sociais.
Bento 16 também é acusado de tentar sabotar os esforços de modernização da Igreja de seu sucessor, o papa Francisco.
No livro, afirma, no entanto, que tem boas relações com o atual pontífice. "A amizade pessoal com o papa Francisco não apenas persistiu, como cresceu", destaca.
Em fevereiro, Bento 16 se viu envolvido em uma polêmica no Vaticano quando seu secretário particular foi afastado do entorno de Francisco.
A decisão foi tomada após a publicação de um livro assinado pelo papa emérito e o cardeal guineano ultraconservador Robert Sarah, no qual defendiam o celibato dos padres, tema muito polêmico na Igreja.
Alguns consideraram o livro uma tentativa de interferência no pontificado do papa Francisco e, inclusive, um manifesto da ala tradicionalista da Igreja.
Após 48 horas de polêmica, Bento 16 pediu a retirada de seu nome da capa do livro, da introdução e das conclusões.
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