O governo do Chile decidiu decretar, nesta quarta-feira (13), uma quarentena obrigatória em Santiago e mais seis municípios que compõem a região metropolitana devido a um aumento de 60% de casos novos nas últimas 24 horas. A medida afetará 8 milhões de pessoas (42% dos chilenos).
O Chile vinha realizando uma quarentena "seletiva", sem interromper algumas áreas da indústria e do comércio. E o governo se preparava para uma reabertura total de sua economia.
"Nós flexibilizamos a quarentena, e agora estamos sendo obrigados a retroceder", disse o prefeito de Santiago, Felipe Alessandri. A medida começará a valer a partir da próxima sexta-feira (15).
O país tem, agora, 34.381 casos confirmados e 347 mortes —sendo 12 nas últimas 24 horas.
Enquanto isso, a bolsa do país despencou. O principal índice da bolsa chilena, que agrupa as 30 ações mais relevantes, caiu 4,74%, afetando mais fortemente a companhia aérea Latam e construtoras.
O país precisou pedir uma linha de crédito ao FMI (Fundo Monetário Internacional) de US$ 23,8 milhões (R$ 140,5 milhões) por conta da pandemia. Até 17h desta quarta, ainda não havia uma resposta.
As novas medidas na capital significam "um sacrifício, com efeitos adversos muito importantes", segundo o ministro da Saúde, Jaime Mañalich.
"Temos que suplicar, pedir que se tomem todas as medidas necessárias, e que a população leve isso a sério. A batalha por Santiago é a batalha crucial na guerra contra o coronavírus."
Mañalich afirmou que Santiago já está com 87% dos leitos de UTI ocupados e que a medida pode evitar o colapso do sistema de saúde.
Também haverá quarentena obrigatória em Iquique, Tarapacá e Valparaíso.
A oposição ao governo de Sebastián Piñera, por outro lado, vem insistindo no aumento do valor do Ingresso Familiar de Emergência —uma ajuda aos mais pobres para efrentar a pandemia.
O ministro da Fazenda, Ignacio Briones, porém, respondeu dizendo "não é possível queimar todos os cartuchos agora", sinalizando que não haverá reforço de renda por enquanto.
Depois de críticas recebidas internamente e de organismos internacionais, o país desistiu também de emitir os chamados "carnês Covid-19", que seriam entregues a que se recuperou da doença como um sinal de que poderiam estar imunes.
A medida foi vista como algo que poderia gerar discriminação. O governo cedeu. "Pode fazer com que uma pessoa com o carnê tenha determinados privilégios no trabalho", explicou Mañalich.
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