Descrição de chapéu The New York Times

Companhias aéreas passarão a exigir de passageiros uso de máscaras

Após pressão de pilotos e comissários, grandes do setor anunciam obrigatoriedade do acessório

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Niraj Choksi
The New York Times

Depois de serem criticadas por pilotos e comissários de bordo por não fazerem mais para proteger seus funcionários, grandes companhias aéreas dos EUA e do mundo anunciaram nesta semana que vão exigir que seus tripulantes e passageiros usem máscaras.

Na quinta-feira (30), American Airlines, Delta Air Lines e United Airlines anunciaram que nas próximas semanas vão começar a exigir que todos os passageiros usem máscara cobrindo o rosto e que essa política se estenderá também aos comissários de bordo e a alguns outros funcionários.

As três empresas se somam ao Grupo Lufthansa —dono da própria Lufthansa, da Swiss International Air Lines e da Austrian Airlines—, à JetBlue e à Frontier Airlines, que fizeram anúncios semelhantes nesta semana. A Southwest Airlines deve divulgar em breve as diretrizes para seus comissários de bordo.

Passageiros desembarcam no aeroporto de Hong Kong - Isaac Lawrence -18.abr.2020/AFP

Enquanto alguns estados americanos começam a reduzir ou suspender as quarentenas obrigatórias, parlamentares e sindicatos de aeroviários vêm intensificando a pressão pela adoção de regras em todo o setor sobre o uso de máscaras para proteger a tripulação dos passageiros e os passageiros uns dos outros.

As empresas aéreas demoraram a exigir o uso de máscaras em parte devido à escassez. No início da pandemia, muitas companhias aéreas prometeram disponibilizar o acessório para os funcionários que quisessem usá-las, mas alguns pilotos e comissários de bordo denunciaram que nem sempre havia máscaras disponíveis.

“As coisas mudaram rapidamente em apenas duas ou três semanas”, disse Robert Isom, presidente da American Airlines, em telefonema com jornalistas na quinta-feira.

“Hoje prevemos contar com estoques amplos de álcool em gel. No caso das máscaras, é um problema logístico levar os estoques para os lugares certos, mas temos estoque suficiente para nossos funcionários.”

Isom disse que apenas em algumas semanas a companhia vai conseguir distribuir álcool em gel e máscaras em volume suficiente para oferecer a todos os passageiros. A nova política da American Airlines só vai entrar em vigor em 11 de maio.

Na quarta (29), o presidente do Comitê da Câmara para Transportes e Infraestrutura, deputado Peter A. DeFazio, pediu que o diretor da Administração Federal de Aviação (FAA), Stephen Dickson, torne obrigatório o uso de máscaras e adote outras medidas para proteger passageiros e aeroviários.

Para o deputado, democrata do Oregon, é essencial que os passageiros usem máscaras e as empresas aéreas aumentem a distância entre os assentos.

Dois senadores democratas, Edward J. Markey (Massachusetts) e Richard Blumenthal (Connecticut), pediram que o Departamento dos Transportes e o Departamento de Saúde promulguem regras semelhantes.

Os senadores escreveram numa carta: “É urgente e claramente necessária uma regra emergencial impondo o uso de máscara facial para todas as pessoas que fazem viagens aéreas”.

A pressão pela exigência federal de máscaras tem sido exercida principalmente pelos sindicatos de aeroviários.

Na semana passada, a Associação de Comissários de Bordo —sindicato que representa funcionários de 20 empresas aéreas, incluindo a United e a Frontier— pediu aos departamentos dos Transportes e da Saúde uma regulamentação de emergência sobre o uso de máscaras por passageiros.

No fim de semana, a presidente do sindicato, Sara Nelson, postou no Twitter uma foto amplamente compartilhada mostrando um avião lotado da American Airlines com alguns passageiros sem máscaras.

“BASTA!”, escreveu. “Isto daqui aconteceu HOJE num voo de quatro horas de duração. Isso não está ok.”

A administração Trump vem resistindo a tornar obrigatório o uso de máscaras.

A FAA disse em comunicado que Dickson compartilhou das preocupações de DeFazio e que espera que as empresas aéreas sigam as diretrizes do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

O Departamento de Saúde encaminhou ao CDC um pedido de comentários, e o CDC reiterou suas recomendações gerais.

Estudos já comprovaram que pessoas que não manifestam sintomas do vírus podem contaminar outras. É por isso que o CDC recomenda o uso de máscaras, incluindo máscaras caseiras, em ambientes coletivos, como supermercados, farmácias ou no interior de aviões.

“Se você quer controlar a propagação de uma doença numa comunidade, o meio mais eficaz é controlar a doença na fonte”, disse Henry Wu, diretor do Centro Emory TravelWell, em Atlanta, que presta serviços de saúde a passageiros internacionais.

“No caso de uma doença infecciosa, a fonte é o indivíduo doente, especialmente o indivíduo doente que desconhece sua condição", completou.

Desde o início da pandemia, as empresas aéreas vêm ressaltando a qualidade de seus sistemas de filtragem do ar, que filtram e recirculam o ar na cabine a cada poucos minutos. Segundo Wu, esses sistemas são “bastante bons”, mas não são capazes de eliminar o contágio.

“Se você está sentado a menos de dois metros de distância de outras pessoas, é óbvio que há alguns problemas de proximidade imediata que não podem ser resolvidos por sistemas de filtragem do ar”, disse.

Tradução de Clara Allain

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