O Congresso da Bolívia aprovou uma lei que determina a realização de eleições gerais em até 90 dias, prazo que vencerá no início de agosto. O adiamento da data inicialmente programada se deve à pandemia do coronavírus.
A lei foi promulgada na quinta (30) pela presidente do Congresso, Eva Copa, pois a presidente interina do país, Jeanine Añez, recusou-se a sancioná-la. Ela quer adiar a votação por mais tempo.
A Bolívia vive uma crise política desde o fim de 2019. Após denúncias de fraude nas eleições de outubro, quando o então presidente Evo Morales buscava o quarto mandato, o líder indígena e várias autoridades do país renunciaram em novembro, sob pressão dos militares.
Assim, a Presidência interina acabou ficando com Jeanine Añez, então vice-presidente do Senado e opositora de Evo, por meio de uma interpretação controversa da Constituição do país.
Novas eleições haviam sido marcadas para 3 de maio. Añez disse inicialmente que não iria concorrer, mas mudou de ideia e se candidatou.
Opositores acusam a presidente interina de querer adiar as eleições indefinidamente para se manter no poder. Ela diz que a decisão se deve à preocupação com o coronavírus.
"Temos que fazer eleições quando não haja risco para a saúde. A saúde é o principal", publicou Añez em uma rede social.
A decisão do Congresso foi precedida de protestos contra a realização da votação em 90 dias, feitos com panelaços e fogos de artifício em ao menos quatro grandes cidades da Bolívia, como La Paz, Santa Cruz e Cochabamba.
A Bolívia está em quarentena desde 22 de março. Houve mais de mil casos de Covid-19 na Bolívia, e ao menos 62 mortos.
Uma pesquisa feita em meados de março pelo instituto Ciesmori apontou Luis Arce, candidato de Evo, à frente na corrida presidencial, com 33,3% dos votos.
Em segundo, vinha o ex-presidente Carlos Mesa, de centro, com 18,3%. Añez apareceu em terceiro lugar, com 16,9%.
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