Políticos alemães pediram na terça-feira (19) que os bordéis do país sejam fechados por tempo indeterminado, após o funcionamento dos estabelecimentos ter sido suspenso temporariamente por causa de medidas de combate à Covid-19.
Dezesseis legisladores da União Democrata Cristã (CDU) e do Partido Social-Democrata (SPD) –as legendas que compõem a colizão de governo encabeçada pela chanceler federal Angela Merkel– enviaram uma carta aos 16 governos estaduais do país afirmando que profissionais do sexo podem se tornar "superpropagadoras do vírus".
A prostituição é legal na Alemanha, mas diferentes estados e cidades impõem regulações diferentes sobre onde e como profissionais do sexo podem atuar. Todos os bordéis do país foram fechados em março, após a adoção de medidas de distanciamento social.
"Deveria ser óbvio que prostitutas podem se tornar superpropagadoras epidemiológicas. As atividades sexuais são, via de regra, incompatíveis com as medidas de distanciamento social", diz a carta, divulgada pela agência de notícias DPA.
Entre os signatários estão o ex-ministro da Saúde Hermann Gröhe, filiado à CDU, e o sindicalista social-democrata Leni Breymaier, além do deputado e médico Karl Lauterbach.
A Alemanha poderia adotar o chamado modelo nórdico?
Existem cerca de 33 mil profissionais do sexo registrados oficialmente na Alemanha, embora o governo calcule que o número real possa chegar a 400 mil. Embora a legislação introduzida em 2002 tivesse como objetivo melhorar as condições para a categoria, muitas dessas pessoas ainda vivem e trabalham em situações precárias e também são vítimas de tráfico humano ou de escravidão moderna.
Na carta, os parlamentares alemães expressam a expectativa de que o fechamento dos bordéis seja uma chance de melhorar as oportunidades para profissionais do sexo.
"A reabertura dos bordéis não ajudará essas mulheres", diz a carta. "Em vez disso, elas precisam de aprendizado, treinamento ou um emprego seguro."
A carta pede ainda que a Alemanha aproveite a oportunidade para adotar o chamado modelo nórdico, que não proíbe a venda de sexo, mas prevê que a compra seja ilegal, transferindo o ônus para os clientes.
Sob esse modelo, profissionais do sexo recebem ajuda e serviços para deixar o mercado da prostituição, como oportunidades para aprimorar sua educação.
Na Alemanha, a maioria das profissionais do sexo vem do Leste Europeu.
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