Dia #70 – Sexta, 22 de maio. Cena: “…Y aunque los sueños se me rompan en pedazos / Resistiré, resistiré”.
Uma voz ao longe, filtrada pelo funil metálico do megafone, pede ordem na fila.
Vivo em frente ao mercadão do meu bairro. No último sábado (16), a supracitada fila dobrava o quarteirão. Controle de lotação.
Dois funcionários com aventais anotavam pedidos de quem esperava ao sol do meio-dia: frutas e verduras, embutidos, queijos, carnes, frutos do mar. Vinhos, conservas, moscatel. O usual, com uma diferença: as pessoas meio que gritam entre si.
A voz do Novo-Papo-a-dois-metros é mezzo esganiçada, mezzo amistosa-agressiva. Estamos provando projeções vocais nunca dantes navegadas. Os distanciados sociais soamos como adolescentes mutantes. Ou surdos. “E AÍ, JUAN, COMO ESTÁ A SENHORA?”. “BÉ, BÉ! BOM TE VER, HEIN!”
Além de esperas diligentes e interações sociais relutantes, o maior desafio do Novo Normal na Espanha é o uso obrigatório das máscaras, mesmo em áreas ao ar livre. Com esses dias fritopan de pré-verão, já tem médico na imprensa dando conselhos pro cidadão mascarado não ter um treco na rua.
A partir de segunda-feira (25), Barcelona e Madri passam finalmente à segunda etapa do desconfinamento, chamada de fase 1. Com isso, teremos 53% do país na fase 1 e 47% passando à fase 2 (de um total de 4).
De maneira progressiva, as diferentes etapas vão liberando encontros em grupos limitados e reabertura de estabelecimentos comerciais e culturais com ocupação reduzida.
O espanhol vai dando seus pulos pra se sentir Normal novamente. O calor, no último mês, aumentou em 350% a venda de piscinas desmontáveis na Espanha. E olha que as lojas físicas ainda nem abriram, é tudo online.
Cresceram exponencialmente também as consultas técnicas para instalação de piscinas ou espelhos d'água em áreas comuns de edifícios e terraços.
Em Málaga, terra natal de Picasso, já em fase 1, imagens de bares repletos de gente no passeio marítimo geraram polêmica nesta semana. O ciudadano encaixotado está ávido por socializar. Saiu até briga.
O governo já fala em pedir ao Congresso uma sexta prorrogação do estado de emergência, estendendo-o assim até o final de junho, quando se espera que termine a desescalada do confinamento.
A perspectiva é algo difícil. Esta semana termina com drásticas tensões no Congresso, depois que o Executivo tornou público na quarta (20), sem aviso prévio, o plano de agilizar a revogação da reforma trabalhista, aprovada por decreto pelo Partido Popular (PP) em 2012 (então no poder e, atualmente, principal partido de oposição).
A tal revogação é um dos grandes pontos de união da esquerda espanhola e foi um dos argumentos eleitorais da coalizão de esquerdas PSOE-Podemos atualmente no poder.
Mas a notícia vazou num péssimo momento, num contexto de crise em que as colunas dos Contra crescem tanto entre esquerdas e direitas, e a população sai às ruas instigada pela oposição (inclusive, há uma manifestação convocada pelo ultradireitista Vox para este sábado na Catalunha —todos de carro, pra manter o distanciamento social).
Não só: saiu sem conhecimento prévio de alguns membros do alto escalão.
Ficou malz pro governo. Antes do fim do dia, depois de ásperas altercações no plenário, alguém já havia corrido pra transformar a "revogação" em "recuperação de direitos trabalhistas” em uma nota oficial.
Ajustes retóricos de lado, a partir da próxima segunda, com Barcelona oficialmente em fase 1, vou finalmente poder rever os amigos. Em teoria, sem abraços. Vamos ver se serei capaz de projetar minha voz de canarinha por cima da emoción e da postura blasé obrigatória.
Saio, sim, mas com o corazón na mão. Pensando no meu país além-mar, onde demasiadas caixas se empilham, olhos marejam, e o caminho é longo.
“Músicas para Quarentenas” podem ser escutadas aqui.
DIÁRIO DE CONFINAMENTO
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Dia 1: 'Não estamos de férias, mas em estado de alarme'
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Dia 2: 'Teste, só para pacientes internados'
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Dia 3: 'A vida vista de cima'
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Dia 4: 'Panelaço contra o rei'
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Dia 5: 'O perigo mora em casa'
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Dia 6: 'Solidariedade em tempos de vírus'
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Dia 7: 'O lado utópico da crise'
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Dia 8: 'O canto dos pássaros urbanos'
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Dia 9: 'Os de baixo ficam sem banquete'
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Dia 10: 'Essa desproteção vai cobrar fatura'
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Dia 11: 'Se não estamos no pico, estamos muito próximos'
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Dia 12: 'Tensão cresce em diferentes setores'
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Dia 13: 'Único tratamento agora é a disciplina'
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Dia 14: 'Os domingos são como segundas, e as segundas como domingos'
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Dia 15: 'Cada incursão ao exterior é uma operação de guerra'
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Dia 16: 'Começam a proliferar os vigilantes da lei entre os cidadãos'
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Dia 17: 'Tem chovido muito nestes dias em Barcelona'
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Dia 18: 'Tem chovido muito nestes dias em Barcelona'
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Dia 19: 'A vida vai registrando uma sucessão de recordes negativos'
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Dia 20: 'Come chocolates, pequena'
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Dia 21: 'Com avanço da crise, aumentam a tensão e as divergências'
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Dia 22: 'Separados por confinamento, casais marcam encontro no supermercado'
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Dia 23: 'Independentemente da duração, todos sabemos o que é uma quarentena'
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Dia 24: 'A manhã começou com um tutorial japonês maravilhoso sobre tofu'
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Dia 25: 'Espanha testará 30 mil famílias'
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Dia 26: 'Hoje deu vontade de ver o mar'
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Dia 27: 'Perspectiva é de que quarentena tenha prorrogação-da-prorrogação'
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Dia 28: 'E eu, sou não-essencial?'
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Dia 29: 'Qual é a importância das pequenas coisas?'
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Dia 30: 'Após um mês, os espanhóis (alguns) voltam às ruas'
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Dia 31: 'Não há ninguém para colher cerejas'
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Dia 32: 'Queremos pedir que você busque outra casa'
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Dia 33: 'Sobre política e pardais'
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Dia 34: 'As mandíbulas de Salvador Dalí'
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Dia 35: 'Escola, só no ano que vem'
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Dia 36: 'A Nova Normalidade'
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Dia 37: 'A dor é temporária; o orgulho é para sempre'
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Dia 38: 'O início da reconstrução'
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Dia 39: 'O elaborado ritual do passeio em família'
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Dia 40: 'A cidade mascarada'
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Dia 41: 'Um Dia dos Namorados diferente'
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Dia 42: 'Sair, sim, mas com separação de brinquedos'
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Dia 43: 'Tínhamos que tomar decisões duras e rápidas'
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Dia 44: 'A cidade das crianças'
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Dia 45: 'Isso não acabou'
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Dia 46: 'Quatro etapas para o verão'
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Dia 47: 'As piedras no caminho'
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Dia 48: 'O jeito luso'
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Dia 49: 'As novas regras do rolê'
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Dia 50: 'Sobre crânios e crises'
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Dia 51: 'Um dia inesquecível'
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Dia 52: 'Começa o descofinamento'
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Dia 53: 'O comandante e as ovelhas'
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Dia 54: 'Confinados por um fio'
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Dia 55: 'O calor e o jogo do contente'
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Dia 56: 'A Barcelona de mil caras'
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Dia 57: 'Redescobrindo o amor'
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Dia 58: 'Espanha avança pela metade'
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Dia 59: 'O voo da discórdia'
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Dia 60: 'O ano que não houve'
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Dia 61: 'Passando de fase'
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Dia 62: 'Sobre manifestações e cabeleireiros'
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Dia 63: 'San Isidro com flores e máscaras'
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Dia 64: 'Dá medo, medinho, medaço'
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Dia 65: 'Máscaras e luvas jogadas na rua'
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Dia 66: 'Quentinhas de luxo'
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Dia 67: 'Brasil para espanhol ver'
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Dia 68: 'Parecia Copacabana'
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Dia 69: 'O passinho do lagarto'
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Dia 70: 'As pessoas meio que gritam entre si'
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Dia 71: 'O augúrio chinês'
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Dia 72: 'Estamos enlouquecendo?'
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Dia 73: 'Nazaré confusa e fila pra cerveja'
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Dia 74: 'Enquanto julho não vem'
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Dia 75: 'Contemplemos, meditemos, recordemos'
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Dia 76: 'A fábula do terrorista e da marquesa'
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Dia 77: 'O informe da discórdia'
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Dia 78: 'Lições da cólera em tempos de coronavírus'
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Dia 79: 'Nos deram um pouco de liberdade e agimos como se o vírus não existisse'
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Dia 80: 'Sem pressa, mas sem pausa'
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Dia 81: 'Botellones, a nova discoteca pós-Covid'
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Dia 82: 'Pandemia, crise e racismo'
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Dia 83: 'Sair da UTI para ver o mar'
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Dia 84: 'A senhora deu positivo e deve se isolar imediatamente'
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Dia 85: 'A verdade é que é uma incerteza para todos'
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Dia 86: 'A cultura de bar na Espanha é expressiva'
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Dia 87: 'Todo cuidado é pouco e, inclusive, pode não ser suficiente'
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Dia 88: 'O vírus segue sendo uma ameaça'
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Dia 89: 'O fogo que nunca se apaga'
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Dia 90: 'Uma bolha, uma família'
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Dia 91: 'Músicos do mundinho, uni-vos'
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Dia 92: 'Como um clube de jazz dos anos 1930'
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Dia 93: 'Dinheiro pode estar com os dias contados no pós-pandemia espanhol'
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Dia 94: 'Uma vida de mil e uma regrinhas'
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Dia 95: 'Cada dia, ao chegar em casa, me isolava da minha família'
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Dia 96: 'Abraços, mesmo que de plástico'
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Dia 97: 'Em casa com o agressor'
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Dia 98: 'Já vivemos como podemos, e não há mais'
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Dia 99: 'O ídolo pop e as amêndoas'
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