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Durante pandemia, emojis felizes dão lugar a rosto com máscara e choro

Levantamento aponto uso maior de carinhas com máscara médica e de choro copioso

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São Paulo

Os emojis, aquelas bolinhas amarelas com olhos e boca que sugerem sentimentos e sensações na comunicação digital, ampliaram sua presença nas redes sociais em abril deste ano, mas o uso daqueles de expressão positiva diminuiu no período da pandemia de Covid-19.

É o que aponta um levantamento lançado na sexta (1º) pelo Emojipedia, uma ferramenta de referência no uso e no significado de emojis.

O site coletou 68 milhões de postagens únicas no Twitter que continham carinhas positivas, negativas ou neutras para identificar de que maneira a utilização desses emojis refletia os humores do nosso tempo.

Confeiteiro em Dormund, na Alemanha, prepara biscoitos temáticos com emojis de máscaras
Confeiteiro em Dormund, na Alemanha, prepara biscoitos temáticos com emojis de máscaras - Leon Kuegeler - 26.mar.20/Reuters

O mesmo levantamento já havia sido feito em abril e em agosto de 2019 e em agosto de 2018. Ao longo do mês de abril deste ano, o uso de emojis de expressão positiva diminuiu 5,63% quando comparado à utilização das carinhas em agosto de 2019.

A tendência de queda já era apontada em agosto passado, em relação a abril de 2019.

Além da diminuição dos emojis positivos, o período da pandemia também coincide com a ascensão dos emojis de rosto com máscara médica, de rosto pensando, de um micróbio e de um choro copioso.

Ainda assim, as carinhas positivas —como aquelas que sorriem, choram de rir ou estão cercadas de corações— se mantêm na liderança entre os mais usados, segundo o estudo. Os dados da ferramenta mostram que elas nunca representaram menos de 28% de todos os emojis utilizados.

No mesmo período, o uso das carinhas que expressam sentimentos negativos —como choro, raiva, susto, impaciência ou ânsia de vômito— teve pequeno aumento (2%).

Já as carinhas amarelas de expressão neutra ou ambígua —como aquela com a mão sobre a boca ou que parece estar congelada— tiveram um incremento de mais de 44% no uso desde agosto passado.

O aumento foi puxado em boa parte por uma nova estrela: a bolinha amarela de olhos grandes, brilhantes e melancólicos, chamada por seus criadores de “pleading face”, ou rosto suplicante.

Esse emoji ocupou o terceiro lugar no ranking dos mais usados em abril deste ano, aumento de 83,4% em relação a agosto de 2019 —um recorde absoluto no histórico de dados.

Outro emoji que teve ascensão meteórica foi o das mãos unidas em prece (alguns defendem, porém, que o ícone representa o gesto de bater as mãos no alto com outra pessoa para celebrar algo). Seu uso aumentou quase 25% em relação a agosto de 2019.

O perfil dos dois emojis que mais ganharam popularidade no período indica algum grau de relação com a pandemia, sugere o levantamento.

Além disso, o estudo apontou que nunca se usou tantos emojis como agora: 19% de todos os tuítes de abril continham algum tipo de carinha. Em agosto de 2018, esse percentual era de 14,9%.

Para Luciani Tenani, professora de linguística da Universidade Estadual Paulista (Unesp), “o momento atual é desafiador que precisamos ressignificar as formas que temos de expressar os muitos sentimentos que estamos vivendo”.

Segundo a pesquisadora, o monitoramento do uso de emojis “dimensiona os movimentos dos sentimentos humanos vivenciados diante da Covid-19”.

“Seus resultados confirmam a percepção geral de que as pessoas estão vivendo um momento difícil e podem ajudar no planejamento de políticas públicas de suporte psicológico e outros recursos aos mais afetados pela pandemia”, diz Tenani.

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