Descrição de chapéu
Sergei Akopov

História da Segunda Guerra nos ensina que solidariedade é o melhor remédio

Enquanto mundo enfrenta uma pandemia, vale a pena lembrar as lições do conflito encerrado há 75 anos

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Serguei Akopov

Neste ano comemoramos várias datas importantes.

Há 75 anos, em 8 de maio de 1945, foi assinado o ato da rendição da Alemanha nazista, um documento que pôs fim ao período principal da devastadora Segunda Guerra Mundial.

Em setembro do ano corrente vamos comemorar o 75° aniversário da vitória definitiva dos aliados naquela guerra. Em outubro próximo, os mesmos 75 anos completa a Organização das Nações Unidas (ONU), um verdadeiro símbolo de multilateralismo e diálogo global, criada especialmente para prevenir uma nova tragédia mundial.

Hoje, enquanto o mundo volta a enfrentar um inimigo tão forte que consegue até ameaçar a vida e a saúde de milhões de pessoas, bem como a estabilidade econômica e política dos maiores países, vale a pena lembrar as lições da história. E, antes de mais nada, as lições da Segunda Guerra Mundial.

Ciclista em ponte com bandeiras vermelhas devido à comemoração do Dia da Vitória, em Moscou
Ciclista em ponte com bandeiras vermelhas devido à comemoração do Dia da Vitória, em Moscou - Alexander Nemenov - 6.mai.20/AFP

Para entender o significado da vitória de 1945, é necessário avaliar os objetivos dos principais instigadores do conflito. O maior deles, a Alemanha nazista, o Terceiro Reich, visava conquistar os demais países e liquidá-los, impondo seu domínio sobre todas as nações do mundo.

Algumas delas foram “escolhidas” por ideólogos nazistas para serem utilizadas como mão de obra escrava. Outras, em primeiro lugar os judeus, deviam ser completamente exterminadas.

Foi um sonho mórbido de construção de um mundo que se baseasse em opressão, escravidão e morte para todos exceto uma nação.

Naquela altura, a ameaça e o inimigo comuns não deixaram outra opção ao mundo civilizado: para vencer, todos nós tivemos de nos unir.

Sistemas políticos e econômicos absolutamente opostos e ideologias incompatíveis conseguiram formar uma aliança sólida para evitar a iminente catástrofe global.

Os aliados lutavam pela sua sobrevivência, liberdade e futuro. Não seria um exagero dizer que a guerra, na sua essência, foi um combate das forças da vida contra as forças da morte. E a vida venceu.

É difícil achar um exemplo melhor da solidariedade global. Depois da vitória, já em 1945, foi em grande parte graças a este movimento unificador que se forjou uma nova ordem mundial, baseada no papel central da ONU na manutenção da estabilidade internacional.

Apesar dos inevitáveis pormenores e defeitos desta ordem, até hoje ela tem efetivamente prevenido qualquer outro conflito de grande escala, que obviamente seria a última guerra na história da humanidade.

A vitória sobre as forças racistas permitiu manter o caminho progressivo do desenvolvimento mundial.

Logo depois dela, iniciou-se o período de descolonização que mudou o rosto do planeta, trazendo ao palco internacional dezenas de novas nações independentes. Grandes avanços foram feitos no campo de direitos humanos. Tudo isso seria impossível se a guerra fosse perdida.

É por essas razões que continuamos comemorando os eventos de 1945, mesmo que já tenham passado 75 anos.

Durante o maior desafio global do século 20, a humanidade fez uma escolha importante: optou por cooperação em vez da competição, por interesse comum em vez do particular e por desenvolvimento em vez da decadência.

Se quisermos superar os desafios de hoje, teremos de fazer esta escolha mais uma vez. Espero que as lições do passado nos ajudem nisso.

Sergei Akopov é embaixador da Rússia no Brasil

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.