Descrição de chapéu Coronavírus

Ilha britânica de 141 mil habitantes será laboratório de programa de testes e rastreamento

Wight, onde rainha Vitória passava o verão, só pode ser acessada por barco, o que ajuda no experimento

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Bruxelas

O lugar preferido da rainha Vitória (1819-1901) para passar o verão entrou nesta semana para a história do combate à pandemia de coronavírus no Reino Unido.

Wight, uma ilha de 141 mil habitantes ao sul da Grã-Bretanha, servirá de laboratório para a estratégia britânica de testar, rastrear e isolar pessoas para controlar a transmissão do vírus.

A cerca de 6 km da costa de Hampshire, no canal da Mancha, a ilha só pode ser alcançada de barco, o que reduz o trânsito de pessoas e facilita a experiência.

A estratégia, conhecida como TTT ("test, trace and track", ou seja, testar, encontrar e rastrear), foi usada em países que controlaram rapidamente a disseminação do coronavírus, como a Coreia do Sul e Taiwan.

Baseia-se em isolar por 14 dias todos os que tiveram contato com alguém cujo teste deu positivo, para assim ter certeza de que eles não transmitirão a doença sem saber que carregam o vírus.

Se, durante a quarentena, esses contatos apresentarem sintomas, serão também testados (além de tratados), e seus próprios contatos serão rastreados e colocados em quarentena.

Na ilha será testado também pela primeira vez o aplicativo NHSX, criado pelo governo britânico para ajudar a rastrear contatos. Funcionários públicos de Wight começarão a baixá-lo nesta segunda e a enviar convites até o final da semana para que os moradores façam o mesmo.

Militares britânico ajudam a transferir registros do hospital St, Mary, na ilha de Wight
Militares britânico ajudam a transferir registros do hospital St, Mary, na ilha de Wight - Barry Swainsbury - 7.abr.20/Ministério da Defesa do Reino Unido via AFP

Os aplicativos podem ajudar a encontrar contatos mais rapidamente, já que registram por meio de bluetooth outros celulares que estiveram a 1 e 2 metros de distância (dependendo do programa usado).

Quando alguém recebe o diagnóstico, é possível levantar com quem se encontrou nos dias anteriores.

Equipes de rastreadores humanos chegam a fazer 40 telefonemas para cada pessoa com resultado positivo para coronavírus, para identificar os contatos.

Um dos desafios para o uso da tecnologia deve ser justamente a adesão aos aplicativos. Especialistas do NHS (sistema público de saúde britânico) calculam que, para que eles sejam eficientes, o ideal é que ao menos 80% dos donos de smartphones baixem e usem o programa.

É uma porcentagem maior que a de outros apps populares, como os de mensagens. O fato de que um quarto da população da ilha seja de aposentados pode ser também um complicador.

Outra questão é que os aplicativos não devem substituir as equipes que rastreiam e monitoram por telefone e pessoalmente, disse nesta segunda (4) o diretor-executivo da OMS, Michael Ryan.

Segundo ele, em nenhum dos países que tiveram bons resultados no combate à transmissão a tecnologia foi usada sozinha, porque é preciso conversar com as pessoas, orientar as que precisarem de quarentena e fiscalizar o isolamento.

“É um processo humano e precisa de contato humano. Os aplicativos aumentam a eficácia do rastreamento, mas são uma medida adicional. Não resolvem tudo sozinhos”, disse Ryan.

Na ilha de Wight, a expectativa é que pelo menos metade das 80 mil famílias baixem e usem o aplicativo, afirmou nesta segunda Michael Gove, um dos principais ministros do gabinete do primeiro-ministro Boris Johnson.

O governo disse também que funcionários especializados em rastreamento entrarão em ação ​para lidar com casos complexos, incluindo surtos em casas de repouso e hospitais.

Quando a estratégia for implantada no país, segundo o governo, 18 mil pessoas farão a parte humana do rastreamento de contatos e o monitoramento das quarentenas —3.000 delas serão do NHS, e as outras, contratadas por call centers.

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