Descrição de chapéu Coronavírus

Medo de 2ª onda de contágios leva França a saída tímida do confinamento

Primeiro dia de medidas mais relaxadas teve pouca gente nas ruas em Paris

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Paris | AFP e Reuters

O primeiro dia de relaxamento das medidas contra o coronavírus na França foi marcado pelo medo de que uma segunda onda de contaminações faça os números da pandemia voltarem a subir.

Em confinamento desde 17 de março, os 67 milhões de franceses podem, a partir desta segunda-feira (11), sair de casa sem precisar apresentar o documento requisitado pelo governo como justificativa —a regra, entretanto, continua valendo para a hora do rush em Paris.

No Twitter, o presidente Emmanuel Macron escreveu: "Graças a vocês, o vírus regrediu. Mas ainda está aqui. Salvem vidas, tenham cuidado".

Pessoas aproveitam o dia de sol nas margens do rio Sena, em Paris, no primeiro dia de desconfinamento na França - François Guillot -11.mai.2020/AFP

Nesta segunda, lojas, fábricas e empresas de setores considerados não essenciais, como salões de beleza, lojas de roupas, floriculturas e livrarias, reabriram pela primeira vez após 55 dias de confinamento.

Depois de quase dois meses dando aulas por meio de telas de computador, os professores também retornaram às escolas para preparar a volta gradual das crianças às salas de aula a partir de terça-feira (12).

"Em torno de 86% das 50,5 mil escolas da França vão abrir para receber mais de 1,5 milhão de crianças", disse o ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, ao Journal du Dimanche.

O retorno às aulas será realizado de forma voluntária e seguindo um rigoroso protocolo sanitário. Nele, as crianças deverão manter uma distância de pelo menos um metro o tempo todo, e os professores deverão estar sempre de máscara.

Restaurantes, bares, teatros e cinemas permanecerão fechados até, pelo menos, o mês de junho.

O principal receio do governo francês é que, com o relaxamento das restrições, o país possa vivenciar uma nova onda de contágios, à semelhança do que vem ocorrendo em lugares como Alemanha, Coreia do Sul e Singapura.

A preocupação se refletiu na movimentação das ruas. Entre as pessoas que saíram de casa, a impressão é que a quarentena ainda estava em vigor.

"Esperava ver muita gente, como antes. Mas as ruas estão vazias. Tenho a impressão de que continuamos em confinamento", afirmou Marie-France Navarro, à agência de notícias AFP, no moderno bairro de negócios de La Défense, no oeste de Paris.

Na avenida Champs-Élysées, normalmente cheia de compradores e turistas, reinava uma calma incomum.

"O ambiente é um pouco irreal. Todo mundo de máscara. É muito estranho", comentou Irina, uma jovem de 20 anos que aguardava impaciente, junto com um grupo de pessoas, a reabertura de uma grande rede francesa de cosméticos.

Em um sapataria em uma rua comercial de Paris, as portas já estavam abertas. Apenas duas vendas foram feitas desde a ordem do desconfinamento.

"Não tem muita gente esta manhã. Apenas alguns curiosos", lamentou o gerente Alexandre.

Nas estações de metrô, os funcionários distribuíam máscaras faciais e desinfetantes para os passageiros, enquanto adesivos nos assentos dos trens indicavam a necessidade de distanciamento social.

O ministro da Saúde, Olivier Veran, alertou que o governo reverterá o relaxamento das restrições se o número de novas infecções voltar a subir.

As estatísticas não são animadoras para os franceses. O número de mortes confirmadas nesta segunda (11) em decorrência da Covid-19 foi quase quatro vezes maior que no domingo (10). Novos casos mais que dobraram em 24 horas.

De acordo com os dados compilados pela universidade americana Johns Hopkins, a França havia registrado, até a tarde desta segunda, mais de 177 mil casos de coronavírus e 26.646 mortes.

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