Negociações por ministérios adiam posse de governo de união em Israel

Manifestantes protestam com máscaras e bandeiras em frente ao Parlamento

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Jerusalém | Reuters

Depois de 500 dias de escândalos, três eleições e inúmeras negociações, a posse do governo de união israelense, formado por Binyamin Netanyahu e seu antigo rival Benny Gantz, foi adiada desta quinta (14) para domingo (17), em meio a negociações sobre a distribuição dos ministérios.

Os dois dirigentes, envolvidos por mais de um ano em disputas para conseguir viabilizar um governo por meio de coalizões, decidiram se unir para criar uma gestão de "união e emergência" em meio à crise do novo coronavírus.

O acordo prevê a manutenção de Netanyahu no cargo nos proximos 18 meses. Após o período, Gantz, que será o ministro da Defesa enquanto o líder do Likud se mantém como primeiro-ministro, assumirá por prazo semelhante. As pastas serão distribuídas igualmente entre os dois lados.

Manifestante com proteção facial protesta contra o novo governo de Israel em frente ao Parlamento do país
Manifestante com proteção facial protesta contra o novo governo de Israel em frente ao Parlamento - Menahem Kahana/AFP

Há liberdade para distribuir os cargos, o que levou Gantz a convidar parte da esquerda a se unir ao governo. Netanyahu fez o mesmo com partidos ultraortodoxos. O gabinete terá 36 ministérios, o maior já montado no país.

"Tudo gira em torno da atribuição de cadeiras. Este governo não parece ter uma ideologia", assinalou o jornal Yediot Aharonoth.

De acordo com um comunicado conjunto dos dois líderes, Gantz concordou em adiar a cerimônia de posse para dar ao atual premiê mais tempo para alocar membros do Likud no gabinete do novo governo.

O pacto com Netanyahu dividiu o partido centrista Azul e Branco, de Gantz, que citou a crise do coronavírus como principal motivo para renegar as promessas da campanha de não fazer parceria com um primeiro-ministro que responde a três acusações de corrupção.

Em frente ao Knesset, o Parlamento de Israel, manifestantes com bandeiras e máscaras protestaram contra a união dos agora ex-rivais.

Embora o acordo Netanyahu/Gantz preveja a apresentação, a partir de 1º de julho, de um plano para pôr em prática o projeto do governo dos EUA para tentar resolver o conflito com os palestinos, as "diretrizes" do papel do futuro governo a respeito parecem confusas.

O plano prevê, em especial, a anexação por Israel de partes da Cisjordânia, território palestino ocupado desde 1967 pelo Estado hebreu.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, fez na quarta (13) uma rápida visita a Jerusalém para discutir o assunto com Netanyahu, Gantz e o futuro chefe da diplomacia israelense, Gabi Ashkenazi.

Apesar de terem revelado pouco das conversas, as "diretrizes" do próximo governo não mencionam especificamente "a anexação", mas fazem referência à necessidade de "fortalecer a segurança nacional e trabalhar pela paz".

O governo afirma, sobretudo, querer se concentrar em "reforçar a economia e aumentar a competitividade" em um contexto de desconfinamento.

Com cerca de 9 milhões de habitantes, Israel registra oficialmente mais de 16,5 mil casos do novo coronavírus e 264 mortes.

O balanço continua sendo baixo em relação à Europa e à América do Norte, mas resultou em um grande salto do desemprego, que passou de 3,4% antes da crise sanitária para 27%.

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