Descrição de chapéu Coronavírus

Novo slogan de Boris Johnson contra coronavírus dispara onda de críticas e piadas

Governo troca orientação 'Fique em casa' por 'Fique alerta'; críticos dizem que mensagem é vaga e porá pessoas em risco

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Bruxelas

#StayHome (Fique em casa) já era. O slogan do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, agora é #StayAlert (Fique alerta), para alegria de humoristas, dúvidas de especialistas e irritação de opositores.

“Para falar francamente, eu não sei o que quer dizer ‘fique alerta’. E, se as pessoas não entenderem claramente o que estamos pedindo a elas, vão pôr sua vida em risco”, afirmou na TV a ministra da Saúde da Escócia, Jeane Freeman.

Nas redes sociais, a primeira-ministra escocesa, Nicola Sturgeon, escreveu: "É claro que ele decide o que é mais apropriado para a Inglaterra, mas dado o ponto crítico em que estamos enfrentando o vírus, #StayHomeSaveLives continua sendo minha mensagem clara para a Escócia nesta fase".

Além da imprecisão da mensagem, há muitas críticas sobre as cores usadas nos pôsteres da campanha do governo: durante a quarentena, as frases “fique em casa”, “proteja o NHS (sistema de saúde” e “salve vidas” eram escritas o sobre um fundo amarelo com moldura vermelha.

O novo cartaz também tem o fundo amarelo e três frases —”fique alerta”, “controle o vírus” e “salve vidas”—, mas a moldura é verde. “Mudar a cor de vermelho para verde significa ‘siga em frente’, mas não é isso que diz o texto”, observa um internauta.

Boris não deve mesmo dar um sinal verde para a retomada das atividades quando for à TV neste domingo, mas anunciar liberdades pontuais, como a de fazer exercícios e reabertura de lojas de jardinagem. A maioria das restrições deve ficar em vigor até o final de maio.

Outros três problemas são criticados no novo slogan: a mensagem precisa de explicação adicional, substitui outra que era muito mais clara e não protege o sistema de saúde.

A julgar pelo material de divulgação do próprio sistema de saúde, o novo slogan precisa mesmo de explicação. Mais especificamente, seis explicações. No cartaz do NHS, as três frases com sua moldura verde aparecem apenas no rodapé, depois dos avisos 1) fique em casa o máximo possível; 2) trabalhe de casa se puder; 3) limite contatos com outras pessoas; 4) se sair, mantenha distância de ao menos 2 metros de outras pessoas; 5) lave as mãos regularmente e 6) se você ou qualquer outra pessoa de sua casa tiver sintomas, é preciso se isolar.

Enquanto esperam pelo comunicado que Boris Johnson fará neste domingo sobre as regras para o relaxamento do lockdown, internautas aproveitaram para encher as redes sociais com paródias do novo slogan. “Esgueire-se - Grite para o vírus - Depois corra” e “Dane-se - Pegue o vírus - Morra” são algumas delas.

Num dos perfis falsos do primeiro-ministro, Boris aparece cochilando numa foto, sob a frase “Este foi o exato momento em que peguei o vírus. #FiqueAlerta”. (O premiê foi contaminado pelo coronavírus em março e precisou ser internado na UTI).

Grant Shapps, secretário de Transportes (o equivalente a ministro), disse no sábado que “não haveria nenhum salto para a liberdade” e anunciou um investimento bilionário para incentivar bicicletas e caminhadas.

Mais detalhes sobre como as restrições serão levantadas devem ser dados na segunda-feira, quando Boris fala aos deputados no Parlamento.

A estratégia do governo deve se basear na taxa de transmissão do coronavírus (R), que mede para quantas pessoas na média cada infectado transmite a doença. Um R abaixo de 1 significa que a epidemia tende a se reduzir. No Reino Unido, as estimativas são de que a taxa esteja entre 0,5 e 0,9, ou seja, cada 10 doentes transmitem o vírus a entre 5 e 9 outras pessoas.

O ministro da Economia, Rishi Sunak, também deve anunciar na próxima semana o destino do programa de proteção ao emprego, programado para terminar em 30 de junho. O governo deve permitir que os funcionários em licença voltem ao trabalho em tempo parcial, para evitar uma mudança abrupta.

Dados do final de abril indicavam que 27% dos trabalhadores britânicos haviam sido colocados em licença, por 6.150 empresas, entre 23 de março (quando começou o lockdown no país) e 5 de abril, e quatro quintos das empresas diziam que pretendiam usar o esquema de prevenção ao desemprego do governo.

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