Parlamento aprova acordo entre Netanyahu e Gantz e põe fim à crise política em Israel

Novo governo, que terá alternância no cargo de premiê, tomará posse no dia 13

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Jerusalém | AFP

O Parlamento israelense aprovou nesta quinta-feira (7) a formação de um governo de união entre o primeiro-ministro, Binyamin Netanyahu, e seu ex-rival Benny Gantz —decisão que acaba com a crise política mais longa da história recente de Israel.

O novo governo prestará juramento na próxima quarta (13). Pelo acordo, Netanyahu segue no cargo de premiê até outubro de 2021, quando Gantz assumirá a função.

Por enquanto, nesta primeira etapa, ele será ministro da Defesa.

O premiê Binyamin Netanyahu, antes de discurso em Jerusalém - Gali Tibbon - 14.mar.2020/AFP

Não havia muitas dúvidas de que a parceria seria aprovada porque o partido Likud (de direita), de Netanyahu, e o Azul e Branco (centro), de Gantz, possuem a maioria dos assentos do Knesset, o Parlamento israelense. A proposta teve 71 votos a favor e 37 contra.

Apesar da vitória política, Netanyahu segue sendo investigado por corrupção. Na quarta (6), a Suprema Corte de Israel decidiu que o processo não o impede de seguir no cargo, pois ele tem direito à presunção de inocência.

O premiê foi indiciado em janeiro por acusações de suborno, fraude e quebra de confiança. Ele nega qualquer irregularidade nos três casos. Seu julgamento está marcado para começar em 24 de maio.

A situação crítica da pandemia de coronavírus levou Gantz a voltar atrás na promessa de campanha de não servir em um governo liderado por um primeiro-ministro que enfrentasse acusações criminais.

Na partilha de poder montada com a divisão de cargos, o Azul e Branco e o Likud teriam força para conter as ações um do outro. Assim, mesmo que um partido não consiga implantar suas propostas, ao menos teria como bloquear medidas das quais discorde.

O principal desafio do novo governo será organizar a saída do confinamento, realizado para conter o avanço do coronavírus, e a reativação da economia.

A doença atingiu ao menos 16 mil pessoas em Israel e deixou 239 mortos. O desemprego saltou de 3,4% para 27% nos últimos meses.

Netanyahu já determinou a reabertura das escolas primárias, assim como a maioria dos comércios e empresas, que podem reunir até 50% das pessoas que costumavam receber em tempos normais.

Outro ponto polêmico que o novo governo precisa enfrentar é o projeto de anexar partes do vale do rio Jordão, onde há colônias israelenses em meio a moradias palestinas.

O movimento faz parte de um controverso plano de paz anunciado em janeiro por Netanyahu e Donald Trump, presidente dos EUA, mas elaborado sem a participação dos palestinos.

Gantz e Netanyahu disseram que pretendem divulgar em julho o plano para por em prática essa proposta de divisão, que abre espaço para a criação de um Estado palestino, mas formado por porções de território distantes entre si, conectadas por estradas, pontes e túneis.

A proposta foi rechaçada pelos palestinos, que chamam a coalizão israelense de "governo de anexação".

Netanyahu, 70, está no cargo há 11 anos consecutivos. Desde dezembro de 2018, o governo tem poderes limitados, pois o Parlamento foi dissolvido e não houve acordo para estabelecer um novo comando do país.

Foram realizadas três eleições em cerca de um ano, mas nenhum nome conseguiu votos ou apoio suficiente para ser apontado como novo governante, em um sistema que, sem um partido dominante, depende da construção de complexas coalizões.

O Knesset tem 120 cadeiras. Para formar um governo, um partido ou coligação precisa eleger ao menos 61 cadeiras. Nos últimos três pleitos, nenhum grupo passou dessa barreira nas urnas.

Nas votações recentes, Netanyahu foi a figura de liderança do bloco de direita e apostou em medidas como o avanço da presença israelense em territórios pleiteados pela Palestina e na proximidade com líderes estrangeiros, especialmente Trump.


O CAMINHO DA UNIÃO

2.mar
Israel vai às urnas pela 3ª vez seguida. O partido Likud, de Netanyahu, termina à frente, seguido pelo Azul e Branco, de Gantz, mas nenhum deles consegue maioria

15.mar
A Justiça adia julgamento de Netanyahu por dois meses, devido às restrições para conter o coronavírus

16.mar
Gantz obtém apoio de outros partidos e conquista o direito de tentar formar governo. Ele chama Netanyahu para um acordo de divisão do poder

26.mar
Gantz é eleito presidente do Parlamento israelense, com apoio do partido de Netanyahu, em um sinal da aproximação entre os dois

19.abr
Manifestantes protestam em Tel Aviv contra Netanyahu e pedem que Gantz não faça acordo com ele

20.abr
Netanyahu e Gantz anunciam acordo para um governo conjunto

6.mai
Suprema Corte confirma que Netanyahu pode chefiar o país mesmo sendo investigado por corrupção

7.mai
O Parlamento aprova o acordo de formação do novo governo

13.mai
Data prevista para o juramento de posse

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