Protestos por morte de homem negro se espalham pelos EUA e fecham Casa Branca

Atos também ocorrem em várias cidades dos EUA, como Nova York, Chicago e Atlanta

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Washington e São Paulo

A Casa Branca teve todos os seus acessos fechados por cerca de uma hora no fim da tarde desta sexta (29), quando uma multidão se aproximou do local durante um protesto pela morte de George Floyd, homem negro morto por sufocamento por um policial branco.

Manifestações tomam as ruas de várias cidades dos EUA na noite de sexta, como Nova York, Chicago, Los Angeles, Dallas, Atlanta, Detroit, Las Vegas, San José e Memphis. Os atos seguem sendo realizados durante a madrugada de sábado em várias delas, com novas cenas de confronto entre policiais e ativistas.

Um homem de 19 anos foi morto durante os protestos em Detroit após uma pessoa ter atirado de dentro de um carro contra os manifestantes e fugido logo em seguida.

Manifestantes marcham em direção à Casa Branca durante protesto contra violência policial nos EUA
Manifestantes marcham em direção à Casa Branca durante protesto contra violência policial nos EUA - Eric Thayer/Reuters

Floyd, 46, foi morto na segunda (25) em uma ação policial em Minneapolis, no estado de Minnesota. Ele foi detido após um funcionário de uma loja acusá-lo de tentar usar uma nota falsa de US$ 20.

Jogado no chão, Floyd teve o pescoço pressionado pelo policial Derek Chauvin, que usou o joelho para sufocá-lo. Ele avisou os policiais diversas vezes que não conseguia respirar, mas foi ignorado. O agente só o soltou quando ele estava desacordado. O homem foi levado ao hospital, mas não resistiu.

O registro da ação policial feito por testemunhas viralizou, causando revolta e uma onda de protestos que se desdobrou em vários incêndios em Minneapolis nos últimos dias.

Chauvin foi demitido e preso nesta sexta sob acusação de homicídio culposo, quando não há intenção de matar. Os três outros policiais que participaram da ação também devem ser formalmente acusados em breve, segundo a Promotoria. A decisão, no entanto, não diminuiu os protestos.

Nesta sexta, na capital Washington, os manifestantes chegaram à Casa Branca às 19h07 (20h07 em Brasília), depois de percorrerem a rua 14, uma das mais movimentadas da cidade, cheia de bares e restaurantes.

A maioria era jovem. Grande parte usava máscaras nesse primeiro dia de reabertura das atividades na capital americana.

Cerca de 40 agentes do serviço secreto americano estavam do lado de fora da Casa Branca, e havia snipers posicionados no telhado.

O acesso à sede do governo americano foi fechado temporariamente, e repórteres que estavam do lado de dentro e tinham participado de uma entrevista coletiva não puderam sair da sala onde estavam.

Com faixas “eu não consigo respirar", “vidas negras importam”, “justiça” e “silêncio é violência”, ele gritavam “não atirem”, de mãos para o alto, e outras palavras de ordem, como “foda-se a polícia”.

Por volta das 19h30, alguns manifestantes forçaram as grades colocadas em frente à residência oficial, e houve correria. Manifestantes disseram que spray de pimenta foi lançado, e alguns começaram a atirar garrafas de água e outros objetos na direção da polícia.

Parte dos ativistas pediu calma, e a situação foi controlada.

Perto de 23h na hora local (0h em Brasília), manifestantes seguiam protestando perto da Casa Branca.

Em Minnesota, o governador Tim Walz e os prefeitos de Minneapolis, Jacob Frey, e da vizinha St. Paul, Melvin Carter, decretaram toque de recolher a partir das 20h desta sexta-feira (22h em Brasília).

No entanto, manifestantes ignonaram a proibição e seguiram nas ruas protestando à noite. Houve confrontos com policiais, que dispararam bombas.

Em Atlanta, houve manifestações ao redor da sede da emissora CNN, com centenas de pessoas. O confronto entre ativistas e policiais adentrou as dependências da TV.

A emissora exibiu imagens ao vivo de bombas explodindo no hall de entrada do prédio, onde o conflito prosseguiu. Vários manifestantes foram detidos.

Também em Atlanta, manifestantes pularam em carros de polícia, incendiaram uma viatura e lançaram pedras contra janelas de prédios. A polícia disparou bombas para dispersá-los, e os manifestantes se concentraram no parque olímpico.

Nesta sexta, o repórter negro Omar Jimenez, da CNN, foi preso pela polícia em Minneapolis enquanto mostrava ao vivo os protestos na cidade.

Ele foi liberado horas depois, mas a polícia não informou a razão da prisão. Outro repórter da emissora que trabalhava no local, Josh Campbell, um homem branco, não foi detido.

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