Descrição de chapéu Venezuela

Sob tensão com EUA, petroleiros iranianos chegam à Venezuela

Navios levam combustíveis para socorrer país, e autoridade diz que Washington avalia resposta

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Caracas | Reuters

O primeiro dos cinco petroleiros enviados do Irã para a Venezuela chegou ao país sul-americano no início da noite deste sábado (23), apesar de uma autoridade americana ter avisado que Washington considerava alguma resposta à chegada das embarcações.

Neste domingo (24), o ditador Nicolás Maduro agradeceu Teerã pelo envio dos navios, que trazem combutíveis para socorrer a falta de gasolina no país.

"Venezuela e Irã querem paz, e temos o direito de fazer negócio entre nós livremente", disse em transmissão na TV estatal.

O petroleiro iraniano Grace 1, que foi apreendido por britânicos no ano passado em Gibraltar
O petroleiro iraniano Grace 1, que foi apreendido por britânicos no ano passado em Gibraltar - Jorge Guerrero - 15.ago.19/AFP

O líder do país disse ainda que as duas nações são "povos revolucionários que nunca vão se ajoelhar diante do empério norte-americano".

Fortuna foi o primeiro navio a adentrar as águas venezuelanas às 19h40 deste sábado, no horário local (20h40 no horário de Brasília), após passar por Trinidad e Tobago, segundo o software que monitora o tráfego marítimo, Refinitiv Eikon.

"Os navios da fraternal República Islâmica do Irã estão agora em nossa zona exclusiva econômica", tuitou Tareck El Aissami, vice-presidente da Economia da Venezuela, recentemente nomeado ministro do Petróleo.

A segunda embarcação, Floresta, chegou às águas do país também neste sábado, enquanto as demais ainda cruzam o oceano Atlântico.

A televisão estatal mostrou imagens de um navio da marinha e de uma aeronave que se preparavam para ir ao encontro do petroleiro Fortuna.

O ministro da Defesa havia prometido escolta militar assim que a flotilha alcançasse a zona exclusiva econômica venezuelana devido ao que autoridades locais classificaram como ameaças dos EUA.

O Irã afirma que os EUA destacaram quatro navios de guerra e um avião de espionagem eletrônica para acompanhar e, possivelmente, interceptar seus petroleiros.

Ainda sem comentários oficiais de uma possível resposta americana, a porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse neste domingo que o envio de socorro é "uma lembrança triste da má gestão desesperançosa de Maduro".

"Os venezuelanos precisam de eleições presidenciais livres e justas que levem a democracia e recuperação econômica, não tratados caros de Maduro com outro Estado pária."

Desde abril, Washington tem mantido exercícios navais regulares no Caribe, visando deixar o regime de Maduro sob pressão. O porta-voz do Pentágono afirmou que não tinha conhecimento de operação relacionada às embarcações, enquanto uma autoridade dos EUA disse que o país considerava tomar medidas em resposta a isso.

Mais cedo no sábado, o presidente iraniano, Hasan Rouhani, alertou sobre medidas de retaliação contra os Estados Unidos se Washington causasse problemas para os petroleiros em direção à Venezuela, segundo uma agência de notícias do Irã.

"Se nossos petroleiros do Caribe ou de qualquer lugar do mundo encontrarem problemas causados pelos americanos, eles também vão ter problemas", disse Rouhani em uma conversa telefônica com o emir do Qatar. "O Irã nunca começará um conflito", disse Rouhani. "Esperamos que os americanos não cometam um erro."

O chanceler do país, Javad Zarif, também alertou sobre uma possível retaliação em carta enviada à ONU (Organização das Nações Unidas), na qual afirmava que o Irã iria responder à altura de qualquer "ato de pirataria".

Zarif lembrou ainda que ambos os países estão sob sanção pelos EUA, mas nada os impede de fazer negócios entre si.

O envio das embarcações é um socorro para a escassez de gasolina na Venezuela. Estima-se que os petroleiros levem cerca de 1,53 milhão de barris de gasolina e alquilato, segundo os dois governos e cálculos do site TankerTrackers.com. Os combustíveis são suficientes para um mês de consumo.

Além de elevar a tensão externa, a ajuda iraniana gerou novas críticas da oposição da Venezuela. O país já foi um grande exportador de petróleo e hoje enfrenta uma grave crise econômica.

"[O governo] está tentando transformar uma vergonha em uma vitória épica", afirmou Oscar Rondero, legislador da Comissão de Energia da Assembleia Nacional, controlada pela oposição.

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