Após meses de tensão entre o Taleban e o governo do Afeganistão, o grupo islâmico anunciou neste sábado (23) um cessar-fogo de três dias a partir dee domingo (24) devido ao Aid al Fitr, festival que marca o fim do Ramadã, mês sagrado do Islã.
A liderança taleban ordenou a seus combatentes que não realizem ataques, mas destacou que eles podem se defender caso sejam atacados, segundo uma declaração do grupo transmitida por Zabihullah Mujahid, um dos seus porta-vozes.
O presidente do país, Ashraf Ghani, concordou com o cessar-fogo. "Estando eu no comando, disse às ANDSF (forças nacionais de defesa e segurança) que respeitem a trégua de três dias e que se limitem a se defender em caso de ataque", escreveu no Twitter.
O mandatário se mostrou admirado pelo anúncio. É a primeira vez que os talebans se mostram dispostos a abaixar as armas desde que uma coalizão internacional, dirigida pelos EUA, deu poder a eles em 2001.
No fim de abril, os rebeldes recusaram uma oferta de cessar-fogo feita por Ghani pela ocasião do Ramadã. O grupo não considerou a proposta racional nem convincente.
Apesar da tensão entre o Taleban e a liderança do Afeganistão, o grupo islâmico assinou em fevereiro deste ano um tratado com Washington. O ponto mais sensível é justamente o diálogo do governo do país com os talebans para buscar um acordo de paz entre eles.
Da parte do governo americano, coube retirar suas tropas do país, movimentação iniciada em março.
Sem informar quantos soldados pretende retirar, os EUA afirmaram que até julho pretendem reduzir seu contingente para 8.600 soldados —dos cerca de 13 mil militares americanos que lá estavam quando da assinatura do acordo de paz.
Quando chegar a esse número, a retirada será paralisada, e o comando militar dos EUA no Afeganistão irá avaliar se o Taleban cumpriu sua parte do acordo, de deixar de realizar ataques no país, antes de definir se a saída dos soldados vai continuar ou se será cancelada.
Pelo acerto assinado em 29 de fevereiro, o Taleban se compromete a parar de fazer ataques, a não apoiar grupos terroristas e a negociar com o governo afegão.
Em troca, todas as tropas dos EUA e da coalizão da Otan deixarão o país até abril de 2021, e o grupo ficará livre de sanções, caso os termos acordados sejam cumpridos.
O governo dos EUA prometeu ainda libertar cerca de 5.000 prisioneiros ligados ao Taleban. Em troca, o grupo soltará cerca de 1.000 presos.
Esse ponto, porém, foi colocado em dúvida no dia seguinte à assinatura do pacto, quando Ghani rejeitou a possibilidade de libertar os prisioneiros.
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