A alta comissária de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), Michelle Bachelet, manifestou nesta terça-feira (30) preocupação de que polarização e declarações que neguem a realidade da pandemia de Covid-19 possam agravar a crise causada pelo coronavírus no Brasil e em outros países.
"Em Belarus, Brasil, Burundi, Nicarágua, Tanzânia e Estados Unidos, entre outros. Estou preocupada que declarações que negam a realidade do contágio viral e a crescente polarização em questões fundamentais possam intensificar a gravidade da pandemia ao minar esforços para conter a disseminação e fortalecer os sistemas de saúde", afirmou.
"É vital que os líderes mantenham comunicação consistente, crível e baseada em fatos com as pessoas às quais servem", disse Bachelet durante sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Por mais de uma vez o presidente Jair Bolsonaro minimizou a pandemia, classificando a Covid-19 como uma gripezinha e desdenhando do número de mortos pela doença no país.
Ele também entrou em rota de colisão com governadores que adotaram medidas de distanciamento social, como o fechamento do comércio, e acusou chefes de Executivos estaduais de exterminarem empregos.
O Brasil tem mais de 1,36 milhão de casos confirmados de Covid-19, e a doença já matou 58.385 pessoas no país. Esses números fazem do Brasil o segundo país com maior número de casos e mortes por Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos.
Sem citar especificamente o Brasil, Bachelet também se disse preocupada com a situação dos indígenas em meio à pandemia.
"Populações indígenas também são particularmente vulneráveis. Acesso inadequado a instalações de saúde e outras fundamentais exacerbam o risco da pandemia para eles, ao mesmo tempo que a ausência de dados sistematizados dificulta a adoção de medidas personalizadas para atender às suas necessidades. É hora de essa negligência terminar", disse Bachelet.
O Palácio do Planalto e o Ministério das Relações Exteriores não responderam a pedidos por comentários.
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