Estátua em frente à Assembleia Nacional francesa é pichada por coletivo antirracista

Alvo é Jean-Baptiste Colbert, ministro de Luís 14 que regulamentou escravidão nas colônias do país

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Paris e São Paulo | AFP

Localizada em Paris, a estátua de Jean-Baptiste Colbert (1616-1683), um dos principais responsáveis pela escravidão nas colônias francesas, foi pichada nesta terça (23) pelo coletivo antirracista Brigada Antinegrofobia.

Colbert foi ministro durante o reinado de Luís 14 (1638-1715) e ganhou o apelido de Grande Colbert por reformas econômicas realizadas em um período que a França expandia suas colônias além-mar.

Ele participou, porém, da elaboração do chamado “Code Noir” (código preto), o texto que regulamentou a escravidão nos territórios franceses em 1685, restringiu os direitos das pessoas negras livres e baniu os judeus de todas as colônias.

Estátua de Jean Baptiste Colbert erguida em frente à Assembléia Nacional, em Paris, pichada nesta terça-feira (23) com os dizeres "negrofobia de estado". - 23.06.2020 / Reprodução bfmtv

A estátua atacada nesta terça fica em frente à Assembleia Nacional francesa —o prédio também possui um salão nomeado em sua homenagem.

Em um vídeo publicado nas redes sociais da Brigada Antinegrofobia, um homem com a camiseta do coletivo aparece pichando a estátua de vermelho. Na base, ele escreve “negrofobia de Estado”. As imagens mostram sua aparente detenção pelos policiais que fazem a segurança da Assembleia.

Desde que eclodiram no fim do mês passado os atos contra o assassinato de George Floyd, um negro asfixiado por um policial branco no estado americano de Minnesota, manifestantes têm destruído estátuas nos EUA e no mundo que homenageiam conquistadores e imperialistas como forma de mostrar revolta contra o racismo.

Na França, os protestos nos EUA inspiraram atos contra a morte de Adama Traoré, 24, morto sob custódia da polícia, em 2016. Nesse contexto, a questão das estátuas e símbolos nacionais também ganhou espaço no país, tendo Colbert como um dos protagonistas.

Em Lille, na região norte do país, a estátua de Louis Faidherbe (1818-1889), administrador de Senegal, no século 19, quando o país ainda era uma colônia francesa, foi pichada na última semana com os dizeres “assassino” e “colonialista”.

Estátua de Jean-Baptiste Colbert em frente à Assembleia Nacional Francesa, em Paris - Joel Saget - 11.jun.20/AFP

No início do mês, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que a França não retiraria nenhuma de suas estátuas. "A República não apagará nenhum nome de sua história", disse em pronunciamento na TV.

Nos EUA, na noite de segunda (22), manifestantes tentaram derrubar uma estátua do presidente Andrew Jackson, que governou de 1829 a 1837, na praça Lafayette, em frente à sede do governo americano, mas foram impedidos por policiais que usaram gás lacrimogêneo e de pimenta para dispersar a multidão.

Jackson foi um general do Exército americano, muitas vezes comparado a Donald Trump pelo estilo populista. Era conhecido por tratar os nativos americanos de maneira severa e assinou a Lei de Remoção dos Indígenas, que levou à realocação e morte de milhares deles no país.

Em resposta, Trump ordenou que o governo prendesse quem atacasse estátuas e monumentos federais.

Há poucos dias, a cidade de Nova York anunciou que removerá uma estátua de Theodore Roosevelt, que presidiu o país de 1901 a 1909, da porta do Museu de História Natural. Na imagem, ele aparece montado em um cavalo, ao lado de um nativo americano e de um africano.

Estátuas de Cristóvão Colombo, o primeiro europeu a chegar à América, também foram atacadas nas últimas semanas nos Estados Unidos. Na Europa, houve ações contra homenagens a líderes do passado que fizeram fortuna explorando a escravidão e o colonialismo na África.

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