Grupos racistas são acusados de estimular violência em protestos antirracistas

Twitter baniu conta ligada a grupo que se passava por antifascista e defendia depredação

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São Paulo

Defensores de causas racistas estão sendo acusados por autoridades de estimular a destruição e a violência em meio aos protestos que tomaram os EUA após a morte de George Floyd.

Os atos têm como principal objetivo justamente o combate ao racismo, além de pedidos pelo fim da violência policial contra negros no país.

O Twitter informou nesta segunda (1º) ter removido uma conta que se identificava como antifascista e que defendia o uso de violência nos atos. O perfil, na verdade, era controlado por um grupo de supremacistas brancos.

"Esta conta violou nossa política contra manipulação e spam. Tomamos medidas após o envio de um tuíte incitando a violência", afirmou a rede social, em um comunicado.

Pessoas saqueiam loja em Nova York durante protestos antirracismo
Pessoas saqueiam loja em Nova York durante protestos antirracismo - Bryan R. Smith - 1º.jun.20/AFP

A conta bloqueada, @antifa_us, tuitou no domingo (31): "Alerta: esta noite é a noite, camaradas. Esta noite nós diremos 'f**a-se a cidade' e vamos para as áreas residenciais, os bairros brancos, e tomaremos o que é nosso. #BlacklivesMatters".

O Twitter comunicou ainda que apagou outros perfis que promoviam a violência nas ruas e eram ligados a movimentos defensores do que chamam de identidade branca e que incentivam ações racistas.

Autoridades também se manifestaram sobre a presença de brancos em meio a cenas de violência. Em Seattle, a prefeita Jenny Durkan disse temer que os negros acabem responsabilizados injustamente por saques e atos de vandalismo.

"É impressionante o quanto as pessoas que saquearam, roubaram e incendiaram coisas no fim de semana eram jovens homens brancos", disse a democrata em uma entrevista.

Em Pittsburgh, um homem branco foi preso ao ser flagrado quebrando vidros de uma viatura.

Identificado como Brian Bartens, 20, ele usava uma bandana com o símbolo de um movimento pela libertação dos animais. Em um vídeo, ele mostra o dedo do meio para manifestantes negros que pedem que ele pare de vandalizar o veículo policial.

Agentes de segurança de Minnesota, estado onde fica Minneapolis, disseram no domingo acreditar que racistas estão indo aos protestos para causar confusão.

Os atos realizados desde a semana passada nos EUA registraram diversas cenas de depredação feitas por ativistas negros, que consideram a violência como uma forma válida de ação política.

Em várias outros momentos, no entanto, manifestantes negros atuaram para conter saques e depredações durante as manifestações.

Os protestos seguem ocorrendo mesmo após as duras ameaças do presidente Donald Trump, na nopite de segunda, de usar militares para enfrentar os ativistas.

Os atos começaram após George Floyd, um homem negro de 46 anos, ser asfixiado e morto por um policial branco em Minneapolis e ocorrem há sete dias seguidos.

Desarmado, o ex-segurança teve o pescoço prensado contra o chão por quase nove minutos pelo joelho de um policial branco em Minnesota. O agora ex-policial Derek Chauvin foi preso na sexta-feira (29) e transferido no domingo para uma prisão de segurança máxima, onde espera julgamento.

O agente já foi objeto de 18 inquéritos disciplinares, dos quais 16 foram encerrados sem nenhum tipo de punição. Ele foi demitido da polícia logo após o episódio vir à tona.

Nesta segunda, médicos independentes apontaram que Floyd foi morto por "asfixia mecânica”, o que difere do relatório divulgado pela polícia anteriormente.

A ação, gravada por testemunhas que passavam pelo local, viralizou nas redes sociais e mobilizou o país.

Os atos contra a violência sistemática da polícia têm escancarado mais uma vez as desigualdades e o racismo estrutural que atravessa as instituições americanas.

Eles ganham força no momento em que o país sofre com a pandemia do coronavírus, que já matou mais de 100 mil pessoas e mergulhou os americanos —principalmente os negros— em uma combinação de crise econômica e de saúde pública sem precedente.

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