Os resultados iniciais das eleições municipais na França apontam uma forte derrota para o presidente Emmanuel Macron: seu jovem partido, o República em Marcha, não deve conquistar nenhuma grande cidade do país. Políticos ligados a causas ambientais despontam como os maiores vencedores do pleito.
Com base nos resultados das pesquisas de boca de urna e nos primeiros números da apuração de votos, uma das poucas vitórias de Macron será a do premiê Édouard Philippe, que venceu em Havre, no norte do país, na região da Normandia. A cidade tem 170 mil habitantes.
A lei francesa permite que ministros disputem cargos locais. Ao vencerem, podem indicar um aliado para ocupar o posto municipal.
Macron criou o partido em 2016 para disputar as eleições presidenciais. A legenda sofre com o desgaste da impopularidade do presidente, ampliada pelos protestos dos "coletes amarelos" e pelas greves contra a reforma da Previdência, que marcaram o país em 2019.
"O República em Marcha ainda não fincou raízes em nível local e está lutando para demonstrar que é uma força viável", diz Jean Guarrigues, historiador e professor da Universidade de Orlean, à agência de notícias AFP.
Grandes cidades, como Lyon e Bordeaux, devem ser conquistadas por políticos ambientalistas.
Na capital Paris, a prefeita Anne Hidalgo caminha para a reeleição, que dará à socialista mais seis anos no cargo. Ela, que nasceu na Espanha, selou uma aliança com os Verdes e teve a gestão marcada pela redução do espaço para os carros, em prol de pedestres, bicicletas e do transporte público.
A ultradireita também tem uma singela vitória a comemorar. Louis Aliot, ex-marido de Marine Le Pen e ex-braço-direito de seu pai, Jean-Marie Le Pen, deve ser eleito prefeito de Perpignan, cidade de 120 mil habitantes no sul do país.
Será a primeira vez desde os anos 1990 que um partido de ultradireita conquistará uma cidade com mais de cem mil habitantes. No entanto, trata-se de uma vitória de caráter simbólico, pois o Reagrupamento Nacional, legenda de Le Pen, teve resultados fracos no resto do país.
Aliot fez uma campanha com foco em economia e segurança, sem muita atenção aos ataques à imigração e à integração europeia, bandeiras da ultradireita.
Cerca de 16 milhões de franceses foram convocados a votar no segundo turno das eleições municipais, adiado em três meses devido à pandemia de coronavírus. Quase 30 mil pessoas morreram de Covid-19 na França.
A votação deste domingo teve ampla distribuição de álcool em gel e obrigatoriedade do uso de máscaras.
Apesar dos cuidados, houve baixo comparecimento: faltando uma hora para o fechamento das urnas, apenas 34% dos eleitores tinham ido às urnas.
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