O estado americano do Mississippi deu um passo-chave para eliminar o símbolo confederado de sua bandeira, após semanas de protestos contra o racismo nos Estados Unidos.
Depois da adoção de uma resolução que autorizava tratar um projeto de lei para redesenhar a bandeira do estado, a Câmara dos Representantes local aprovou neste domingo (28) a iniciativa por 91 votos a 23.
Em seguida, o projeto foi enviado ao Senado do Mississippi, que o aprovou por 37 votos a 14. Agora, um novo símbolo deverá ser ratificado por um referendo em novembro.
Com um longo passado segregacionista, o Mississippi é o último estado americano a adotar símbolos confederados em sua bandeira, depois que a Geórgia os eliminou em 2003.
A cruz azul na diagonal, demarcada por pequenas estrelas brancas com um fundo vermelho, representou os estados do sul, contrários à abolição da escravidão, durante a Guerra Civil americana (1861-1865).
Assim como as estátuas dos generais confederados ou de líderes escravagistas, a bandeira faz parte dos símbolos questionados nas manifestações antirracistas que sacodem os Estados Unidos há um mês, após a morte, em 25 de maio, do ex-segurança negro George Floyd por um policial branco.
"É hora de tomarmos a decisão sobre qual tipo de bandeira teremos para representar este estado", disse o senador republicano Briggs Hopson à TV ABC.
O projeto de lei prevê a formação de uma comissão de nove membros para desenhar uma nova bandeira sem o símbolo contestado e que inclua a frase "In God, We Trust" (confiamos em Deus).
Se a população rejeitar o novo desenho, o estado, que detém a maior porcentagem de afro-americanos do país, ficará sem bandeira até que uma nova seja aprovada.
"Esta é a oportunidade de encontrarmos uma bandeira que unifique todos os habitantes do Mississippi, e é isso que vamos fazer", disse aos legisladores o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Philip Gunn, que liderou os esforços para a aprovação da lei, segundo o jornal Clarion Ledger.
Em 2001, o Mississippi votou para manter a bandeira atual, aclamada por seus defensores como um símbolo de orgulho do patrimônio e da história do sul do país.
O governador Tate Reeves, que vinha tentando evitar o debate, disse no sábado (28) que sancionaria o projeto de lei uma vez aprovado. Mas advertiu que trocar a bandeira não acabará com o racismo nem com as divisões no estado.
Unir o estado, escreveu ele no Twitter, "será mais difícil do que se recuperar dos tornados, mais difícil do que as inundações históricas". "Inclusive mais difícil do que lutar contra o coronavírus."
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