Descrição de chapéu Coronavírus Portugal

Praia dos ricos de Portugal vai testar gratuitamente toda a população para Covid-19

Com parte da economia dependente do turismo, Cascais inicia medida antes da temporada de verão

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Lisboa

Famosa por suas praias e pelos muitos moradores endinheirados, a cidade de Cascais (a cerca de 35 km de Lisboa) vai disponibilizar gratuitamente testes sorológicos para o novo coronavírus a seus mais de 200 mil habitantes.

Um dos municípios mais ricos de Portugal, Cascais é a primeira cidade do país –e uma das pioneiras no mundo– a oferecer este tipo de exame gratuitamente à população.

Pessoal tomam sol em praia de Cascais, em Portugal
Pessoal tomam sol em praia de Cascais, em Portugal - Patricia de Melo Moreira - 28.mai.20/AFP

As análises identificam a presença de anticorpos e a reposta imune para o Sars-CoV-2, o que vai permitir que as autoridades saibam com mais confiança a prevalência do vírus entre a população.

Destino de férias de muitos portugueses e com vários resorts que atraem visitantes internacionais, Cascais tem uma boa parte de sua economia relacionada ao turismo e, não por acaso, lançou esta iniciativa antes da temporada de verão.

Para especialistas, a testagem em massa da população pode ajudar a recuperar a confiança na abertura econômica.

A população tem procurado o serviço. Segundo a Câmara Municipal (equivalente a prefeitura), em apenas uma semana, já há 38 mil testes agendados, e as ligações e pedidos de informação não param de chegar.

“Isso mostra que as pessoas realmente ansiavam por uma oportunidade destas. Cascais tem estado um passo à frente da pandemia, mas continuamos muito preocupados”, avalia o vice-presidente da Câmara de Cascais, Miguel Pinto Luz.

Para realizar a análise, os moradores devem agendar um horário em um dos 18 postos laboratoriais espalhados pelo município. Uma equipe móvel de enfermeiros também está disponível para fazer o atendimento domiciliar de quem está em grupos de risco.

A cidade tem capacidade para realizar cerca de 5.000 exames por semana, o que significa que o trabalho de testar toda a população deve levar quase um ano. O resultado do exame chega aos cidadãos, por email, em até 24 horas.

“Os exames que nós estamos oferecerndo não são aqueles da picadinha no dedo, são os que obrigam a recolher o sangue. Por isso é que somos inovadores, porque se fossem os testes rápidos, com picadinhas nos dedos, nós comprávamos 200 mil ou 300 mil testes e resolvíamos o problema”, diz o vice-presidente da Câmara de Cascais.

Cada teste tem o custo de 5 euros (cerca de R$ 29,50), e a iniciativa é uma parceria com a Roche Diagnósticos e dois laboratórios de análises clínicas —o valor será pago pelo próprio município.

Quem já teve diagnóstico confirmado de infecção pelo novo coronavírus tem prioridade no atendimento. As autoridades municipais querem verificar a duração dos anticorpos e o potencial de imunidade conferida por eles.

Um estudo epidemiológico realizado com uma amostra aleatória de 400 residentes de Cascais identificou que 0,7% das famílias do município desenvolveram anticorpos, ou seja, tiveram contato com o novo coronavírus.

Um número bem mais elevado do que o das estatísticas oficiais da DGS (Direção-Geral da Saúde).

Desde o começo da pandemia, Cascais foi um dos municípios portugueses com mais iniciativas próprias de combate à Covid-19.

A cidade tem um programa próprio de confecção de máscaras para os residentes, que produz cerca de 5 milhões dessas peças por mês, e chegou até a fretar um avião para importar respiradores da China.

“Ninguém consegue gerir bem sem ter acesso a cientistas. Consultamos médicos, universidades, economistas. É com a ajuda de todos estes intervenientes que criamos estas abordagens inovadoras”, diz Luz.

A confortável situação financeira dos cofres públicos também ajuda nas políticas de combate à pandemia.

Em janeiro, por exemplo, Cascais implementou o passe livre nos transportes municipais para todos os moradores.

Embora a situação da pandemia em Portugal esteja sob controle, na última semana houve focos de contaminação em áreas mais pobres da região metropolitana de Lisboa.

No chamado Bairro do Jamaica, no Seixal, onde boa parte da população vive em situação precária, autoridades de saúde pretendem fechar cafés e restaurantes para conter a disseminação do novo coronavírus.

De uma maneira geral, porém, o desconfinamento, iniciado em 4 de maio, segue em ritmo forte no país, que até esta terça (2) teve 1.436 mortes pela Covid-19, em um universo de 32.895 casos confirmados.

Desde segunda (1º) , quase todo o setor de comércio e serviços entrou em funcionamento, embora com regras de distanciamento e medidas adicionais de higiene.

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