Descrição de chapéu Portugal

Quantidade de brasileiros barrados em Portugal bate recorde em 2019

Dados oficiais mostram que 3.965 pessoas foram impedidas de entrar no país, aumento de 37,4% em relação a 2018

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Lisboa

O número de brasileiros barrados na entrada de Portugal em 2019 aumentou 37,4% em comparação com os números de 2018. É o quinto ano consecutivo de crescimento.

Ao todo, no ano passado, 3.965 cidadãos do Brasil foram impedidos de entrar no país europeu ainda no aeroporto, um recorde. Isto representa uma média diária de 10,9 entradas recusadas. Em 2018, o total de barrados brasileiros foi de 2.866.

Num distante segundo lugar entre os barrados aparecem os cidadãos de Angola (202), seguidos pelos da Guiné Bissau (72) e do Senegal (54).

Brasileiros fazem fila em frente ao consulado do país em Lisboa
Brasileiros fazem fila em frente ao consulado do país em Lisboa - Bruno Miranda - 23.jan.18/Folhapress

A maior parte dos casos aconteceu no aeroporto de Lisboa, principal porta de entrada no país. O motivo apontado foi a falta de documentos que comprovassem a intenção da viagem por motivos turísticos.

Os números, revelados na manhã desta terça (23), fazem parte do Rifa (Relatório de Imigração, Fronteiras e Asilo) e foram divulgados pelo SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras), órgão responsável pela imigração em Portugal.

O resultado faz com que os brasileiros representem 79,4% das 4.995 pessoas que tiveram o ingresso vetado no país em 2019.

Na apresentação dos dados, o coordenador do gabinete de estudos do SEF, Joaquim Estrela, por outro lado, destacou que a cifra representa uma quantidade pequena em relação ao total de brasileiros que viajaram a Portugal em 2019: cerca de 0,4% do total de viajantes.

“Importa analisar os dados tendo presente o seu peso relativo ao número de entrada de passageiros em território nacional. Nesse sentido, apesar de 79,4% terem incidido sobre cidadãos brasileiros, estas representam apenas 0,43% do total de movimentos de passageiros desta nacionalidade”, afirmou.

O comentário de Estrela sobre a posição relativa da quantidade de barrados no universo total de viajantes do país acontece em meio ao peso crescente dos turistas brasileiros no setor de turismo português.

Segundo os dados mais recentes, do INE (Instituto Nacional de Estatística), mais de 1 milhão de brasileiros visitaram Portugal em 2018 —os números de 2019 ainda não foram divulgados pelo SEF. Nos últimos anos, diversas empresas têm se dedicado sobretudo ao atendimento do público brasileiro.

A quantidade de brasileiros barrados em Portugal segue aumentando desde 2014, quando a situação econômica e social do Brasil começou a se deteriorar, enquanto o país ibérico apresentava cenário de recuperação econômica.

Os números divulgados agora confirmam o que já havia sido antecipado pelas autoridades em janeiro: crescimento expressivo na quantidade de brasileiros vivendo em Portugal. Em 2019, houve um aumento de 43,5% em relação ao ano anterior, um recorde.

Segundo as estatísticas, a população brasileira residente em Portugal terminou o ano passado em um total de 151.304 pessoas, o valor mais elevado desde 2012. Os brasileiros representam 26,2% do total de imigrantes em Portugal.

A quantidade real de brasileiros, no entanto, é bem maior.

Não estão incluídos nessas contas os migrantes em situação irregular nem aqueles que têm dupla-cidadania portuguesa ou de outro país da União Europeia.

Neste caso específico, o relatório destaca o caso das cidadanias italianas. Quase 30% dos italianos que residem agora em Portugal são nacionais do Brasil.

A quantidade de pessoas com cidadania italiana vivendo em Portugal tem aumentado nos últimos anos, e elas já formam a sétima maior comunidade estrangeira no país.

O número de estrangeiros como um todo também cresceu, chegando a 590.348 pessoas. É a cifra mais elevada desde 1976, quando as estatísticas começaram a ser contabilizadas.

Com a crise do novo coronavírus, no entanto, é possível que os números tenham uma redução expressiva em 2020.

Portugal já sente os efeitos econômicos da pandemia, e há projeções nas quais a queda do PIB (Produto Interno Bruto) do país pode chegar a 7%.

Muitos postos de trabalho foram eliminados em setores que tradicionalmente empregam muitos migrantes, como comércio e serviços, o que pode acabar desestimulando a permanência no país. Em crises econômicas anteriores, como as do começo da década, houve êxodo de imigrantes.

Além disso, a pandemia da Covid-19 provocou o fechamento das fronteiras da União Europeia a pessoas oriundas de países fora do bloco ainda em meados de março.

Embora Portugal tenha mantido alguns voos para o Brasil —apenas para o Rio e para São Paulo—, o número de viajantes despencou.

Atualmente, com poucas exceções, apenas brasileiros com residência em Portugal têm entrada liberada.

A União Europeia começará em breve uma abertura gradual de suas fronteiras. A lista de países autorizados será elaborada com base no controle da situação epidemiológica da Covid-19.

Segundo país com mais mortes pelo novo coronavírus no mundo, atrás apenas dos EUA, o Brasil deve ficar de fora do processo de reabertura da UE neste primeiro momento.

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