Secretário-geral da ONU e Liga Árabe pedem que Israel abandone plano de anexar partes da Cisjordânia

Início da execução do projeto está previsto para 1º de julho

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Nova York e Washington | Reuters

A comunidade internacional, com exceção dos Estados Unidos, contestou nesta quarta-feira (24) no Conselho de Segurança da ONU o plano de Israel de anexar parte da Cisjordânia, cujo início está previsto para 1º de julho.

Durante videoconferência envolvendo vários ministros, os chefes das Nações Unidas e da Liga Árabe exigiram em uníssono que Israel "abandone seus planos", que podem "acabar com os esforços internacionais em favor da criação de um Estado palestino viável".

Palestinos passam por placa com informações sobre "Área A" no vale do rio Jordão, em parte da Cisjordânia ocupada por Israel
Palestinos passam por placa com informações sobre "Área A" no vale do rio Jordão, em parte da Cisjordânia ocupada por Israel - Raneen Sawafta - 13.jun.20/Reuters

O objetivo deve permanecer "dois Estados, Israel e um Estado Palestino independente, democrático, soberano e viável, vivendo lado a lado em paz e segurança dentro de fronteiras reconhecidas, com base nas linhas definidas em 1967, com Jerusalém como capital dos dois Estados", afirmou o secretário-geral da ONU, António Guterres.

A posição vai de encontro ao plano dos Estados Unidos para o Oriente Médio, que reconhece Jerusalém como a capital de Israel e prevê um Estado palestino pequeno e fragmentado.

Durante a reunião do Conselho de Segurança, a maioria dos participantes alertou sobre o risco de qualquer tipo de anexação.

Em uma declaração conjunta, sete países europeus —Alemanha, Estônia, Bélgica, França, Noruega, Irlanda e Reino Unido— enfatizaram que essa ação "compromete seriamente o reatamento das negociações".

"De acordo com o direito internacional, uma anexação teria consequências para nossas relações estreitas com Israel e não seria reconhecida por nós", escreveram, sem mencionar a possibilidade de sanções.

O secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abul Gheit, afirmou que a anexação "destruirá todas as perspectivas de paz futura" e ameaçará a estabilidade regional.

Qualquer anexação de territórios palestinos ocupados por Israel seria "um crime", disse o chefe da diplomacia palestina, Riyadh al Malki, que alertou para "repercussões imediatas" se esses planos se concretizarem.

"Israel deve saber que uma anexação terá repercussões imediatas e tangíveis", afirmou. "É por isso que instamos a comunidade internacional a tomar medidas efetivas, incluindo sanções, para deter Israel", afirmou Al Malki, que alertou que os palestinos podem recorrer à Corte Internacional de Justiça (CIJ).

O governo israelense de Binyamin Netanyahu planeja anunciar a partir de 1º de julho a estratégia de implementar um plano na região promovido pelos Estados Unidos. O projeto pode incluir a anexação a Israel de colônias judaicas e do vale do Jordão, na Cisjordânia.

Reação americana

Em Washington, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que cabe aos israelenses decidir sobre uma possível anexação de áreas da Cisjordânia.

Nesta quarta (24), assessores do presidente dos EUA, Donald Trump, reuniram-se em um segundo dia para discutir as questões envolvendo a Cisjordânia e a Palestina.

Entre as principais opções sob consideração dos EUA está um processo gradual, passo a passo, no qual Israel declararia inicialmente soberania sobre vários assentamentos próximos a Jerusalém, em vez dos 30% da Cisjordânia previstos no plano original de Netanyahu.

O governo Trump, no entanto, não fechou as portas para uma anexação maior.

Mas Jared Kushner, genro e assessor do líder americano, demonstrou preocupação com o fato de que permitir que Israel aja rapidamente possa eliminar a possibilidade de atrair os palestinos para negociar o plano de paz apresentado pelos EUA —pelo qual ele foi o maior responsável.

Há também preocupações sobre a oposição da Jordânia, um dos que têm um tratado de paz com Israel, e dos países do Golfo que lentamente retomam o diálogo com os israelenses.

Washington também deixou claro que deseja que o governo de Israel, atualmente dividido sobre o assunto, chegue a um consenso.

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