A Turquia lançou nesta quarta-feira (17) uma operação militar no norte do Iraque contra as posições do grupo armado curdo PKK, incluído na lista de organizações terroristas da União Europeia e dos Estados Unidos, mas que conta com apoio de parte da população curda na Turquia. A operação pode gerar tensões entre Ancara e Bagdá.
“A operação unhas do tigre começou. Nossos heróis das forças especiais estão em Haftanin”, na região curda do norte do Iraque, declarou o ministro turco da Defesa no Twitter, sem precisar o número de militares mobilizados.
“Nossos comandos, que têm o apoio de helicópteros de combate e de drones, foram transportados por nossas forças aéreas”, declarou nesta quarta-feira o ministério turco da Defesa.
O ministério afirmou que essa operação foi lançada em “legítima defesa” e se justifica pelo “aumento recente dos ataques contra os comissariados e nossas bases militares” situadas perto da fronteira iraquiana. Também informou que o posicionamento de militares foi precedido por um intenso bombardeio da artilharia.
Os turcos “posicionaram forças especiais com a ajuda de helicópteros de combate apoiados por aviões de guerra, e posteriormente houve confrontos com os combatentes”, declarou uma fonte do PKK.
Ainda que a Turquia bombardeie periodicamente as posições dos rebeldes curdos no Iraque, esta operação é maior que as anteriores e foi precedida por contatos tanto com o governo de Bagdá quanto com a administração curda no norte do Iraque.
Mas o Executivo iraquiano convocou na terça-feira (16) o embaixador da Turquia para protestar contra os bombardeios. Um deles alcançou um acampamento de refugiados.
Em um comunicado, o ministério de Assuntos Exteriores iraquiano denunciou “uma violação da soberania” do país. Os ataques não deixaram vítimas, mas “aterrorizaram a população”, segundo ele.
Organizações de direitos humanos acusaram a Turquia de colocar a vida de civis em risco, especialmente na área de Sinjar, localidade da minoria iazidi, que ainda se recupera da tentativa de genocídio cometida pelos jihadistas do grupo terrorista Estado Islâmico.
O Irã lançou também um ataque militar contra organizações rebeldes curdas desde seu lado da fronteira no que parece um ataque coordenado com a Turquia.
Montanhas estratégicas
A amplitude da operação ainda não é conhecida. O governo turco publicou fotos mostrando o ministro da Defesa, Hulusi Akar, dirigindo as operações no quartel-general das Forças Armadas de terra em Ancara.
O presidente Recep Tayyip Erdogan, que não fez declarações sobre a operação, ameaçou diversas vezes nos últimos anos “cuidar” do PKK no norte do Iraque se Bagdá não “conseguisse”.
“O combate que nós fazemos contra o terrorismo para defender nossa nação e nossas fronteiras é o combate mais legítimo do mundo”, declarou no Twitter o porta-voz do partido do presidente turco, o AKP, Omer Celik.
Para analistas, Ancara tenta se implantar em uma cadeia de montanhas estratégicas na fronteira turco-iraquiana para estabelecer bases militares. O combate entre o Estado turco e os combatentes curdos já fez 40 mil mortos, entre eles vários civis.
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