EUA ameaçam deportar estudantes que tiverem apenas aulas online

Para permanecer no país, estrangeiros precisam se matricular em cursos presenciais

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Nova York | Reuters

Estudantes estrangeiros que tiverem suas aulas totalmente online devido à pandemia do novo coronavírus a partir de setembro vão ter que deixar os Estados Unidos, declarou nesta segunda-feira (6) a Agência de Imigração e Alfândega (ICE).

A orientação se aplica aos titulares de vistos F-1 e M-1, destinados a estudantes acadêmicos e profissionais. Quem quiser permanecer em território americano precisa transferir a matrícula para uma escola ou universidade com aulas presenciais.

Alunos no campus da Universidade Harvard em março; aulas serão virtuais no próximo ano letivo
Alunos no campus da Universidade Harvard em março; aulas serão virtuais no próximo ano letivo - Brian Snyder - 10.mar.20/Reuters

Segundo a agência, os que não fizerem isso poderão ser deportados.

Ainda não está claro quantas pessoas serão afetadas pela medida, mas estudantes estrangeiros representam uma importante fonte de receita para muitas universidades dos EUA, já que esses alunos costumam pagar a mensalidade integral dos cursos.

Nas últimas semanas, faculdades e universidades do país começaram a anunciar como seguirão com as aulas em meio à pandemia, que já matou mais 130 mil e infectou mais de 2 milhões de pessoas nos EUA.

A Universidade Harvard, por exemplo, anunciou nesta segunda que todas as atividades do próximo ano acadêmico serão realizadas apenas pela internet.

O cerco à imigração é uma das grandes bandeiras da administração do presidente Donald Trump, e o republicano tem reforçado essa postura durante a crise sanitária.

Em março deste ano, sob o pretexto de proteger a saúde dos americanos, o presidente fechou as fronteiras do país com o México e com o Canadá para travessias consideradas não essenciais e implementou regras que permitiam a rápida deportação de imigrantes capturados nas fronteiras.

Em abril, suspendeu por 60 dias a a emissão do green card, visto que garante a residência de estrangeiros nos EUA.

A medida foi renovada dois meses depois, no mesmo dia em que o presidente assinou uma ordem executiva para interromper a emissão de alguns tipos de visto para trabalhadores qualificados, alegando que a decisão iria proteger americanos do desemprego.

No mês passado, a Suprema Corte dos EUA impediu Trump de encerrar o Daca, projeto do governo de Barack Obama que impede a deportação de mais de 600 mil imigrantes que entraram de forma irregular no país quando eram crianças.

Os críticos das ações do presidente dizem que o presidente está usando a pandemia para agradar sua base eleitoral. O republicano é candidato à reeleição em novembro —quando os democratas tentarão voltar à Casa Branca com Joe Biden .

Trump foi eleito em 2016 com uma forte retórica anti-imigração. No entanto, o apoio dos americanos à expansão da imigração bateu recorde este ano, e o número dos que gostariam que o país recebesse mais imigrantes superou pela primeira vez em 55 anos o dos que prefeririam que o país recebesse menos estrangeiros.

Segundo uma pesquisa do instituto Gallup, 34% dos americanos são favoráveis à expansão da imigração para os EUA, enquanto 28% gostariam que ela diminuísse. Quase 8 em 10 entrevistados (77%) disseram acreditar que a imigração é boa para o país.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.