Um analista político de Singapura que criou um site falso para obter informações de funcionários públicos e militares foi julgado culpado de ser um agente ilegal a serviço da inteligência chinesa, segundo o Departamento de Justiça dos EUA.
A sentença para Jun Wei Yeo, 39, também conhecido como Dickson Yeo, será anunciada em outubro.
Jun foi acusado de atuar a serviço da China por quatro ou cinco anos e de tentar se aproximar de pessoas nos EUA que tinham acesso a informações secretas de alto nível. Ele se declarou culpado durante o julgamento.
Em 2018, ele criou um site de uma consultoria falsa e passou a postar ofertas em páginas de emprego. Com isso, recebeu mais de 400 currículos. Destes, 90% eram de militares e funcionários com acesso a informações sensíveis.
Jun disse que foi orientado pelo governo chinês a buscar pessoas em posições importantes que estivessem insatisfeitas ou tendo dificuldades financeiras.
Ele diz ter recrutado esses indivíduos e pago a eles para escrever relatórios, que seriam enviados para clientes na Ásia. No entanto, o material era repassado ao governo chinês.
Jun revelou ter pago até US$ 2.000 (R$ 10.400) para um funcionário escrever um relato sobre um membro do gabinete do Departamento de Estado.
Em outro caso, um civil foi recrutado para produzir um relatório sobre o programa de aviões F-35, da Força Aérea dos EUA, em meio a uma negociação para a compra de caças pelo Japão.
O consultor esteve em Washington entre janeiro e julho de 2019, como visitante de uma universidade, e foi a muitos eventos e encontros, com lobistas e think tanks. Ele foi preso em novembro, ao voltar aos Estados Unidos.
Jun estudou na Universidade Nacional de Singapura e foi orientado por Huang Jing, cientista político sino-americano que teve seu visto revogado em 2017, após o governo de Singapura considerar que ele estava tentando influenciar a política externa para auxiliar um governo estrangeiro, segundo o jornal South China Morning Post.
Os Estados Unidos têm aumentado o cerco a espiões chineses. O FBI interrogou dezenas de estrangeiros com visto americano, em busca de possíveis laços com a inteligência chinesa.
O chefe da agência de contrainteligência americana alertou a China e outros paises para que não interfiram nas eleições presidenciais de novembro, quando Donald Trump buscará a reeleição.
A tensão entre os dois países aumentou nas últimas semanas. Na quarta (22), o governo dos EUA ordenou o fechamento do consulado chinês em Houston. Em resposta, a China determinou o encerramento do consulado americano em Chengdu.
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