O governo Trump recuou nesta terça-feira (14) da tentativa de forçar estudantes estrangeiros a deixar os Estados Unidos caso as aulas das instituições de ensino em que estão matriculados fossem ministradas apenas online, em uma dramática reversão de uma política anunciada na semana passada.
A juíza Allison Burroughs, de Massachusetts, afirmou que a Universidade Harvard e o MIT (Instituto Tecnológico de Massachusetts), que entraram com uma ação contra a gestão Trump, chegaram a um acordo com o governo americano para reverter a medida e restaurar o status migratório dos alunos.
No processo, as universidades argumentaram que a medida era ilegal e afetaria negativamente as atividades acadêmicas.
Diversas ações, incluindo uma feita por 17 governos estaduais, foram ajuizadas após o processo de Harvard. As principais empresas de tecnologia e dezenas de faculdades e universidades entraram no processo na condição de "amicus curiae" ("amigo da corte").
Há mais de 1 milhão de estudantes estrangeiros em faculdades e universidades dos EUA, e muitas instituições dependem da receita desses alunos, que costumam pagar a mensalidade integral.
Em março, a Agência de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) suspendeu as regras dos vistos F-1 e M-1, que exigem que estudantes internacionais se matriculem em um número mínimo de aulas presenciais para permanecer nos Estados Unidos.
A decisão permitiu que estudantes ficassem no país mesmo após as universidades fecharem seus campi devido às medidas de combate à pandemia do novo coronavírus.
Em 6 de julho, no entanto, a ICE reinstituiu a obrigatoriedade dos cursos presenciais, surpreendendo universidades e faculdades.
Aqueles que desejassem permanecer em território americano precisariam transferir a matrícula para uma universidade com aulas presenciais.
Porém, grande parte das instituições enfrenta os desafios logísticos de retomar as aulas com segurança, uma vez que o número de casos da Covid-19 continua subindo nos EUA.
O cerco à imigração é uma das grandes bandeiras da administração do presidente Donald Trump, que tem reforçado essa postura durante a crise sanitária.
Em março, sob o pretexto de proteger a saúde dos americanos, o presidente fechou as fronteiras com o México e com o Canadá para travessias consideradas não essenciais e implementou regras que permitiam a rápida deportação de imigrantes capturados nas divisas.
Em abril, a Casa Branca suspendeu por 60 dias a emissão do green card, visto que garante a residência de estrangeiros nos EUA.
A medida foi renovada dois meses depois, no mesmo dia em que o presidente assinou uma ordem executiva para interromper a emissão de alguns tipos de visto para trabalhadores qualificados, alegando que a decisão protegeria americanos do desemprego.
Os críticos das ações do presidente dizem que Trump usa a pandemia para agradar sua base eleitoral.
O republicano é candidato à reeleição em novembro, quando os democratas tentarão voltar à Casa Branca com ex-vice-presidente Joe Biden.
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