Ex-namorada de Epstein pede para ser liberada em troca de fiança de US$ 5 milhões

Advogados de Ghislaine Maxwell dizem que ela corre risco de contrair coronavírus na prisão

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Nova York | AFP

Advogados de Ghislaine Maxwell, ex-namorada do megainvestidor americano Jeffrey Epstein, morto em agosto, pediram nesta sexta-feira (10) à Justiça que ela seja liberada em troca de uma fiança de US$ 5 milhões (R$ 26 milhões).

O argumento da defesa é que ela poderia contrair coronavírus na prisão. A britânica foi acusada na última semana de tráfico sexual de meninas para satisfazer os desejos de seu então parceiro.

Ghislaine Maxwell em evento na Islândia em 2013
Ghislaine Maxwell em evento na Islândia em 2013 - The Arctic Circle/Reuters

Epstein foi preso e acusado de tráfico sexual de menores de idade em julho do ano passado. Ele se declarou inocente, e um mês depois seu corpo foi encontrado na prisão onde aguardava julgamento. A suspeita é de que ele tenha se suicidado no centro de detenção.

Maxwell, filha do magnata da imprensa Robert Maxwell, nega "fortemente" as acusações e "tem como intuito combatê-las", afirmaram seus advogados em documentos apresentados à Procuradoria Distrital Sul de Nova York.

Eles defendem que, por causa da pandemia do novo coronavírus, Maxwell, 58, corre "risco grave" —desde segunda-feira, ela está em uma penitenciária do Brooklyn onde 55 presas foram infectadas com o vírus.

A defesa diz, ainda, que não há risco de fuga e pediu à juíza Alison Nathan que a libertasse em troca do pagamento de uma fiança de US$ 5 milhões, assinada por seis de seus sócios e garantida por uma propriedade de US$ 3,75 milhões (R$ 20 milhões) no Reino Unido.

Os advogados disseram que, se a fiança for aceita, Maxwell entregará às autoridades seus passaportes dos Estados Unidos, França e Reino Unido e ficará confinada em uma casa em Nova York, usando uma tornozeleira eletrônica.

A audiência para discutir a fiança será na próxima terça-feira, e os promotores pedirão que Maxwell seja mantida na prisão.

No dia 2 de julho, ela foi acusada pela Procuradoria do Distrito Sul de Nova York por seis crimes, relacionados a recrutar meninas —uma delas com apenas 14 anos— com o intuito de satisfazer os desejos de Epstein e de seus amigos ricos e poderosos.

Também é acusada de participar de abusos e mentir para a Justiça sob juramento. Caso seja considerada culpada, Maxwell pode pegar até 35 anos de prisão, segundo os promotores.

Recrutamento de meninas

Epstein foi acusado de levar menores de idade, algumas delas com 14 anos, para suas residências em Manhattan e em Palm Beach, na Flórida, entre 2002 e 2005, “para participar de atos sexuais com ele, depois dos quais lhes dava centenas de dólares em dinheiro”.

“Também pagava algumas de suas vítimas para recrutarem mais meninas para serem abusadas”, apontou a acusação.

As acusadoras de Epstein argumentam em documentos judiciais que Maxwell gerenciava a rede de recrutadores e ajudou a elaborar o manual de como atrair jovens mulheres para a rede de Epstein.

Os recrutadores teriam sido orientados a visar mulheres jovens desesperadas financeiramente e a prometer-lhes ajuda para melhorar sua educação e carreira.

Procuradores federais afirmam que Maxwell "atraía e fazia vítimas menores de idade viajarem a casas de Epstein em diferentes estados" e que ela auxiliava na "preparação para [as vítimas] se sujeitarem ao abuso sexual".

Ela também teria estado presente quando Epstein abusava sexualmente de meninas, o que "ajudou a tranquilizar as vítimas porque havia uma mulher adulta no local", segundo a acusação.

Uma das vítimas, Virginia Roberts Giuffre, disse em depoimento que tinha 16 anos quando conheceu Maxwell. Ela disse que se lembrava do argumento da recrutadora: se fizesse massagem em um homem rico, um mundo inteiro de oportunidades se abriria.

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