Líderes mundiais gravarão vídeos em vez de viajarem a NY para Assembleia Geral da ONU

Decisão permite participação de representantes que temem ir aos EUA devido à pandemia e a conflitos com governo Trump

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Nova York | Reuters

Devido à pandemia de coronavírus, líderes dos 193 Estados-membros da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) concordaram em enviar vídeos em vez de se reunirem fisicamente no evento marcado para setembro, em Nova York.

A medida abre caminho para a participação de representantes preocupados em viajar para os Estados Unidos, que lídera o ranking de casos e mortes por Covid-19. Até esta quinta-feira (23), são quase 4 milhões de infecções confirmadas e mais de 143 mil óbitos no país.

O evento deste ano marca os 75 anos da ONU, mas o secretário-geral do órgão, o português António Guterres, sugeriu, em maio, que os líderes dos países-membros substituíssem a reunião presencial pelo envio de vídeos. A Assembleia Geral, nesta quarta-feira (22), concordou com a mudança.

Salão da Assembleia Geral da ONU, em Nova York, durante a 74ª edição do evento, em 2019 - Johannes Eisele - 24.set.19/AFP

Tradicionalmente, os países organizam e participam de centenas de outros eventos simultâneos ao debate da ONU.

Para este ano, porém, o presidente da Assembleia Geral, Tijjani Muhammad-Bande, escreveu uma carta aos líderes para encorajá-los a "mover todos os eventos paralelos para plataformas virtuais, para limitar a presença e o número de pessoas no prédio da ONU".

Nova York, que sedia a reunião anual da Assembleia, foi considerada em abril o epicentro da pandemia no mundo. As taxas de novos casos e mortes caíram, mas outras regiões americanas, especialmente os estados do Sul, continuam duramente afetadas pelo coronavírus.

O envio de vídeos levantou a possibilidade de que líderes como o norte-coreano Kim Jong-un e o venezuelano Nicolás Maduro participem da Assembleia de forma remota.

Outros adversários do governo americano também são incógnitas para a edição deste ano, como o dirigente chinês, Xi Jinping, e o iraniano Hassan Rouhani.

Nas edições de 2016 a 2018, a Coreia do Norte foi representada na Assembleia pelo ex-ministro das Relações Exteriores Ri Yong-ho, mas ele não compareceu ao evento em 2019, assim como Maduro.

O líder venezuelano esteve em Nova York em 2018 para a reunião, mas, no ano passado, disse que ficaria "trabalhando na Venezuela, bem seguro e tranquilo" e foi representado pela número 2 na hierarquia do regime, Delcy Rodríguez, e pelo chanceler, Jorge Arreaza.

Rouhani, do Irã, era dúvida até poucos dias antes da Assembleia na edição passada, mas marcou presença com um discurso de forte oposição aos EUA, negando qualquer resposta positiva às negociações enquanto seu país fosse alvo de sanções americanas.

Em 2019, o regime de Xi Jinping foi representado pelo ministro das Relações Exteriores, Wang Yi. Neste ano, a Guerra Fria 2.0 entre China e EUA ganhou novos episódios.

O mais recente foi a ordem dada pelo governo Trump para o fechamento do consulado chinês em Houston, no Texas, nesta quarta-feira (22).

Pequim prometeu retaliação caso os EUA não recuem na determinação, e as relações diplomáticas entre os países sofrem novas tensões, já agravadas pela pandemia de coronavírus e pelo fim do tratamento especial dado pelos EUA a Hong Kong.

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