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Percepção negativa da China entre americanos atinge maior patamar em 15 anos

Cerca de três quartos veem país asiático de forma desfavorável, mostra pesquisa do Instituto Pew

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Belo Horizonte

Em tempos de polarização política e acirramento da disputa eleitoral nos EUA, há algo que une os americanos: a forma negativa com que veem a China.

Uma pesquisa do Instituto Pew divulgada nesta quinta (30) mostra que cerca de três quartos dos americanos têm uma visão desfavorável do país oriental —o índice mais alto dos últimos 15 anos— e que um em cada quatro afirma acreditar que Pequim é um inimigo de Washington.

Donald Trump e Xi Jinping durante visita do presidente americano a Pequim, em novembro de 2017
Donald Trump e Xi Jinping durante visita do presidente americano a Pequim, em novembro de 2017 - Nicolas Asfouri - 9.nov.17/AFP

A postura negativa ante a China supera diferenças de idade: ela é compartilhada por 56% dos jovens (entre 18 e 29 anos), 71% dos adultos entre 30 e 49 anos e chega a 81% entre aqueles com mais de 50 anos.

Também não há discrepância quando os entrevistados são divididos por nível de escolaridade. Os americanos com diploma universitário e aqueles que não cursaram o ensino superior registram a mesma marca: sete em cada dez têm opiniões desfavoráveis do país.

Republicanos e democratas aparecem do mesmo lado —mais da metade de cada legenda vê a China de forma negativa, embora a rejeição seja maior entre correligionários de Donald Trump: 83% contra 68%.

"Os resultados confirmam que a postura anti-Pequim do governo Trump tem lastro popular", diz Carlos Gustavo Poggio, professor de relações internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e pesquisador de política americana.

Ele acrescenta que esse é um dos poucos temas onde há consenso em Washington. "Não se vê autoridades democratas defendendo a China", diz.

Se a guerra comercial entre os dois países foi o fator que mais contribuiu para o crescimento da rejeição à China entre 2018 e 2019, é a pandemia de coronavírus que desempenha esse papel em 2020.

Entre abril de 2019 e março deste ano, mês em que os EUA chegaram a 25 mil casos confirmados de Covid-19, a parcela de americanos com percepções negativas de Pequim subiu de 60% para 66%, uma alta que se repetiu na pesquisa mais recente, na qual o índice chegou a 73%.

Ainda segundo o levantamento divulgado nesta quinta, 50% afirmam que Pequim deve ser responsabilizada pela forma como atuou na pandemia, mesmo que isso leve a uma piora nas relações com o país.

A percepção negativa da China ganha especial relevância no atual momento da disputa eleitoral americana, quando Trump vê seu desempenho nas pesquisas cair em grande parte devido à piora da economia e à rejeição à resposta de seu governo à pandemia.

"Trump tem buscado uma série de temas para desviar a atenção do cenário econômico, já que ele perdeu o discurso do crescimento", diz o pesquisador. "A China, assim como os atos antirracismo, é um deles."

Desde o início da crise sanitária, o presidente endureceu seu discurso contra Pequim, referindo-se várias vezes ao novo coronavírus como "o vírus chinês" e culpando o país pela disseminação da Covid-19.

Embora não seja o único a explorar o sentimento anti-China a seu favor, o presidente faz uma leitura populista dessa questão, afirma Poggio. "Ele usa o país como adversário externo para unir a sua base."

A três meses do pleito presidencial, a distância entre Trump e o ex-vice-presidente Joe Biden tem crescido, segundo as pesquisas. Em um levantamento feito pela Universidade Quinnipiac divulgado em 15 de julho​, o democrata aparece com 52% das intenções de voto, enquanto o republicano fica com 37% —uma vantagem de 15 pontos percentuais, a maior já registrada pela instituição.

O Instituto Pew entrevistou 1.003 pessoas por telefone entre 16 de junho e 14 de julho. A margem de erro é de 3,7 pontos percentuais.

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