Sob pressão internacional, Netanyahu adia planos de anexação de partes da Cisjordânia

Reino Unido, França e ONU condenam proposta, que tem apoio dos EUA

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Jerusalém e São Paulo | Reuters

O governo de Israel havia prometido dar início nesta quarta (1º) a um plano de anexação de áreas da Cisjordânia. Mas, diante da forte pressão internacional, adiou o projeto.

Membros do governo de Binyamin Netanyahu disseram que as propostas ainda estão sendo debatidas com Washington, que tenta mediar um controverso acordo regional.

Mulher palestina na Faixa de Gaza amarra bandeira nacional como máscara em rosto de manifestante contra plano de anexação da Cisjordânia
Mulher palestina na Faixa de Gaza amarra bandeira nacional como máscara em rosto de manifestante contra plano de anexação da Cisjordânia - Mohammed Abed/AFP

"Acho que isso acontecerá nas próximas semanas ou meses", disse o ministro de Energia, Yuval Steinitz, a uma rádio local.

As linhas gerais da proposta haviam sido divulgadas em janeiro, quando Netanyahu participou do anúncio de um plano de paz entre Israel e a Palestina, na Casa Branca. Os palestinos, que discordam da proposta, nem foram ao evento.

Mapas mostrados naquela ocasião apontam a intenção de Israel de tomar cerca de 30% da Cisjordânia. Os palestinos teriam direito a faixas de território separadas, que seriam conectadas por estradas e túneis.

Líderes israelenses decidiram em maio aumentar o controle de Israel sobre áreas com assentamentos judeus no vale do rio Jordão, uma região que os palestinos consideram parte de seu território.

Autoridades palestinas, a ONU e países europeus e árabes criticaram a decisão israelense e reafirmaram que consideram ilegais os assentamentos construídos em territórios conquistados na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Em um artigo publicado nesta quarta, o premiê britânico Boris Johnson pediu que qualquer plano de anexação seja descartado.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, disse que "uma decisão por anexações não será deixada sem consequências" e que a França estuda opções de resposta em coordenação com aliados europeus.

Em defesa de suas ações, Israel cita ligações religiosas, histórias e políticas com os territórios que quer anexar.

Grosso modo, as partes da Cisjordânia anexadas seriam algo como 50% da chamada Área C, que engloba pouco mais de 65% da região que Israel já controla desde 1967 e onde vivem os mais de 400 mil colonos israelenses, além de cerca de 150 mil palestinos.

Não seriam anexadas as Áreas A e B, controladas na prática pela ANP (Autoridade Nacional Palestina) e onde está a maioria dos palestinos da região.

Para Netanyahu, a anexação seria importante para traçar as fronteiras finais do país —ainda incertas após 72 anos da criação do Estado de Israel.

O premiê tem feito da anexação de territórios uma bandeira de seu quinto mandato, iniciado em maio. Críticos dizem que se trata de uma estratégia para desviar o foco dos processos de corrupção em que ele é réu.

Nesta quarta, cerca de 3.000 palestinos protestaram na Faixa de Gaza em um ato que uniu os grupos rivais Fatah e Hamas contra a anexação.

O maior temor é que a anexação leve a uma nova Intifada, levante palestino com horizonte de graves consequências geopolíticas e de segurança.

Na sexta (26), dois foguetes foram disparados da Faixa de Gaza em direção a Israel. O ataque ocorreu um dia depois de o Hamas afirmar que a anexação seria uma "declaração de guerra".

Em resposta, jatos da força aérea israelense atingiram duas instalações militares no sul da Faixa de Gaza.

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