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Twitter suspende conta de filho de Trump após post sobre hidroxicloroquina

Donald Trump Jr. postou vídeo contra uso de máscaras e em defesa da droga como cura para Covid-19

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Washington | Reuters

O Twitter informou nesta terça-feira (28) que limitou por 12 horas o acesso de Donald Trump Jr. à sua conta na plataforma após um post que viola a política do site contra desinformação sobre a Covid-19.

O filho mais velho do presidente dos EUA postou na noite de segunda-feira um vídeo em que um grupo de médicos divulga informações enganosas sobre a pandemia, criticando a recomendação do uso de máscaras e afirmando que já há cura para a Covid-19 —a hidroxicloroquina seria uma das opções.

Donald Trump Jr., filho mais velho de Donald Trump,  em evento no Arizona
Donald Trump Jr., filho mais velho de Donald Trump, em evento no Arizona - Saul Loeb-23.jun.20/AFP

O conteúdo foi apagado pela mídia social por contrariar as regras para combater desinformação sobre a doença, e Trump Jr. teve seu acesso a algumas funções da plataforma limitado pelo período de 12 horas.

Para Andy Surabian, porta-voz do filho do líder republicano, o "Twitter passa dos limites ao silenciar alguém por compartilhar visões de médicos que discordam da narrativa anti-hidroxicloroquina".

Donald Trump também compartilhou o vídeo com seus 84 milhões de seguidores, em uma série de tuítes que acusam democratas e o médico Anthony Fauci, maior especialista em doenças infecciosas dos EUA, de serem os responsáveis pela suspensão do uso da hidroxicloroquina no país para tratar a Covid-19.

O Twitter apagou a mensagem, mas não suspendeu a conta do presidente, porque, segundo informou a empresa à rede ABC, ele apenas retuitou o conteúdo, enquanto o filho fez a postagem original.

No mês passado, a agência de saúde do governo americano suspendeu a autorização para uso emergencial da hidroxicloroquina após diversos estudos não atestarem a eficácia do medicamento no tratamento para Covid-19. Trump defende o remédio e diz que ele próprio o utilizou.

Fauci, que dirige o Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e Alérgicas e já trabalhou com seis presidentes diferentes, respondeu que "não engana a população americana sob nenhuma circunstância".

O Twitter não informou qual foi o alcance do vídeo entre seus usuários. Segundo informações da rede de notícias CNN e do Washington Post, o vídeo havia sido visto 14 milhões de vezes no Facebook, que também removeu a postagem "por difundir informação falsa sobre curas e tratamento para Covid-19”.

Em meio à crise do novo coronavírus, o Twitter atualizou suas políticas e passou a apagar mensagens que possam aumentar o risco de as pessoas se contaminarem.

A plataforma já interferiu em posts anteriores de Trump, como no mês passado, quando pôs um alerta de "comportamento abusivo" em um tuíte em que ameaçava usar "muita força" contra ativistas antirracistas.

Depois que a rede social começou a colocar alertas em suas mensagens, o presidente americano anunciou planos para enfraquecer uma lei que protege empresas de tecnologia e adotou, por meio de decreto, uma regulação mais agressiva das plataformas de mídia social.

A primeira publicação de Trump a ser marcada pela rede social com um alerta de desinformação, em 26 de maio, afirmava que votações por correio comprometem a validade de uma eleição.

Três dias depois, outro aviso foi colocado em um tuíte do republicano, classificado como "glorificação da violência". Na ocasião, o presidente escreveu que "quando começam os saques, começam os tiros", em referência à violência nos atos pela morte de George Floyd, homem negro asfixiado por um policial branco.

Naquele caso, a empresa também optou por manter a postagem devido ao interesse público.

No Brasil, em março, o Twitter apagou duas postagens do presidente Jair Bolsonaro, após considerar que as mensagens violavam as regras por colocar as pessoas em maior risco de transmitir o coronavírus.

Os posts eram de vídeos de um passeio que o presidente fez no Distrito Federal, no qual ele citava o uso de cloroquina para o tratamento da Covid-19 e defendia o fim isolamento social. Facebook e Instagram também apagaram as postagens.

Dias depois, o Twitter deletou um vídeo divulgado por um dos filhos do presidente, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que também trazia um vídeo de seu pai incentivando a quebra do isolamento social.

No mesmo mês, a plataforma apagou tuítes de outro filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro, assim como do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que utilizavam fora de contexto um vídeo antigo do médico Drauzio Varella sobre a crise do coronavírus.

Pesquisas em duas bases de dados mostraram que a cloroquina e a hidroxicloroquina foram as substâncias mais citadas em todo o mundo entre os medicamentos apontados como tratamentos para a Covid-19 em peças de desinformação.

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