Descrição de chapéu Eleições EUA 2020

Após trauma de 2016, Hillary Clinton pede a eleitores que não deixem de votar

Derrotada por Trump em 2016, ex-secretária de Estado discursa na 3ª noite da convenção democrata

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Brasília

A democrata Hillary Clinton usou o seu discurso na terceira noite da convenção nacional do partido para tentar afastar o trauma da derrota para Donald Trump na corrida pela Presidência em 2016. Naquele ano, a alta abstenção nas urnas prejudicou a votação da candidata entre jovens e minorias.

A ex-secretária de Estado reforçou o pedido para que as pessoas não deixem de votar em novembro.

"Durante quatro anos, as pessoas me disseram: 'Eu não havia percebido como ele era perigoso', 'eu gostaria de poder voltar atrás', ou pior, 'eu deveria ter votado'. Essa não pode ser outra eleição de 'eu deveria ou poderia'", disse Hillary, que aproveitou para lembrar aos que votarão pelo correio para pedirem suas cédulas de votação com antecedência.

A ex-secretária de Estado Hillary Clinton discursa durante terceira noite da convenção democrata em evento online - Conveção Democrata/AFP

"Se você vota por correio, peça sua cédula agora e envie-a o quanto antes. Se você vota pessoalmente, vá cedo. Leve um amigo e use máscaras", alertou Hillary. "Acima de tudo, não importa como, vote. Vote como se suas vidas dependessem disso, porque dependem."

Trump alega que o voto pelo correio levará a fraudes na eleição, apesar de o método ser utilizado por membros das Forças Armadas em postos no exterior há anos, sem problemas. Cerca de 25% dos votos na eleição de 2016 foram a distância, e o próprio Trump votou assim.

A candidata à Presidência derrotada pelo republicano afirmou que desejava que seu então adversário tivesse sido um presidente melhor, mas que "infelizmente ele é quem ele é".

"Lembram de 2016, quando Trump perguntava 'o que você tem a perder?'", questionou Hillary. "Agora sabemos: nossa saúde, nossos empregos, até mesmo nossas vidas. Nossa liderança no mundo e, sim o nosso correio."

"Se Trump for reeleito, as coisas vão ficar piores”, ecoando as falas de Michelle Obama e de Joe Biden, na segunda noite do evento.

"Os EUA precisam de um presidente que mostre na Casa Branca a mesma compaixão, determinação e liderança que vemos em nossas comunidades", prosseguiu, em uma referência à atuação de Trump no combate ao novo coronavírus. "Precisamos de líderes à altura deste momento de sacrifício."

Os EUA são o país com o maior número de casos e de mortes no mundo, com mais de 5,5 milhões de contaminações e 172.970 óbitos, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

A ex-secretária de Estado também aproveitou o momento de mobilização social que tomou o país após a morte de George Floyd para fazer um aceno a dois grupos que serão determinantes para a possível eleição de Biden: mulheres e negros.

"Cem anos atrás, a 19ª emenda [que garantiu o voto feminino] era ratificada", disse Hillary, lembrando que o feito foi conquistado com "sufragistas marchando, fazendo piquetes e indo para a cadeia".

Após a menção à luta pelos direitos civis femininos, a ex-primeira-dama também se dirigiu aos eleitores negros ao lembrar de John Lewis, ex-deputado negro e histórico ativista antirracismo que morreu no mês passado. "Cinquenta e cinco anos atrás, John Lewis marchou e sangrou em Selma porque o trabalho não havia sido terminado", continuou Hillary.

Por fim, a democrata afirmou que há muitos corações partidos nos Estados Unidos atualmente e também antes da pandemia, mas que Biden é a pessoa que pode consertar a situação.

"A verdade é que muito já estava quebrado antes da pandemia", disse ela. "Mas, como diz o ditado, o mundo quebra todo mundo, e ao final, muitos são fortes nos lugares quebrados. Joe Biden sabe como curar, unir e liderar, porque ele já fez tudo isso por sua família e por seu país."

A trajetória pessoal de Biden é constantemente citada na campanha. Semanas após ter sido eleito senador por Delaware pela primeira vez, em 1972, o democrata perdeu sua primeira esposa, Neilia, e uma filha, Naomi, de um ano de idade, em um acidente de carro.

Depois de Hillary, outra liderança feminina com embates históricos contra Donald Trump participou do evento virtual do Partido Democrata.

A presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi, que no discurso do Estado da União deste ano rasgou cópia do discurso do presidente enquanto ele era aplaudido, abriu sua fala exaltando a diversidade da maioria democrata na casa, que, segundo ela, é formada por "mais de 60% de mulheres, negros e LGBTQ".

Pelosi também mencionou o centenário da 19ª emenda e ressaltou que, das 105 deputadas mulheres na Câmara, 90 são democratas.

A presidente da Câmara lembrou alguns projetos aprovados pela Casa comandada pelos democratas que, segundo ela, diminuiriam preços de remédios, aumentariam salários, reformariam as polícias, garantiriam igualdade aos LGBTQ, preveniriam violência armada e preservariam o planeta —mas afirmou que Trump e o líder republicano no Senado, Mitch McConell, estão obstruindo os avanços.

"Quem está no caminho? Mitch McConnell e Donald Trump", disse a deputada diversas vezes após criticas ao papel dos republicanos no combate ao coronavírus e à ampliação dos direitos das mulheres, entre outros temas.

Desde sua abertura, na segunda-feira (17), a convenção que oficializou Joe Biden como candidato democrata à Casa Branca e Kamala Harris como vice tenta mostrar que o arco de apoio em torno da chapa moderada é bastante amplo, abarcando desde os mais progressistas, que foram às ruas contra o racismo e a violência policial, até os republicanos cansados dos arroubos do atual presidente.

Trump tem sido tachado pelos democratas como incapaz de governar, enquanto Biden seria a pessoa ideal para liderar o país e tirá-lo da crise.

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