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China processa 25 ativistas de Hong Kong que participaram de ato proibido em junho

Evento marcou aniversário de protestos da praça da Paz Celestial, de 1989

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Hong Kong | Reuters e AFP

Vinte e cinco ativistas pró-democracia de Hong Kong foram acusados na Justiça nesta quinta-feira (6) devido à participação, em junho, na vigília anual que relembra os protestos na praça da Paz Celestial de 1989. O evento havia sido proibido sob a justificativa dos riscos de contágio de coronavírus.

Entre os acusados estão figuras de destaque do movimento pró-democracia do território, como Joshua Wong, o magnata dos meios de comunicação Jimmy Lai e os líderes da Aliança de Apoio de Movimentos Patrióticos Democráticos da China, que organiza a vigília desde 1990.

Manifestantes no parque Victoria, em Hong Kong, lembram o Massacre da Praça da Paz Celestial
Manifestantes no parque Victoria, em Hong Kong, em 4 de junho, no ato que lembrou o Massacre da Praça da Paz Celestial - Tyrone Siu/Reuters

Eles foram acusados de "participação deliberada em uma reunião não autorizada" e devem comparecer a um tribunal em 15 de setembro.

A vigília atrai muitas pessoas e é o único evento em território chinês que recorda os atos de 1989, quando forças de segurança massacraram manifestantes pró-democracia.

Militares abriram fogo contra civis, na maioria estudantes, que ocupavam a praça havia quase dois meses, com reivindicações de democracia e combate à corrupção. O governo chinês censura o debate e oblitera referências à tragédia.

Em junho, as autoridades de Hong Kong proibiram a realização da reunião pela primeira vez em 30 anos, considerando que a pandemia era uma ameaça para a saúde da população.

Na data, dezenas de milhares de pessoas exibiram velas em muitos pontos da cidade, em um ato que foi predominantemente pacífico. Houve confronto com a polícia em apenas um bairro.

"É evidente que o regime planeja uma nova onda de repressão contra os ativistas", escreveu Joshua Wong, 23, em uma rede social.

Também em junho, a China promulgou uma nova lei de segurança nacional para Hong Kong, que restringiu as possibilidades de ação dos ativistas que protestavam na região.

Por essa lei, o governo chinês passou a ter poderes para punir qualquer ato que possa ser encarado como subversão, tentativa de secessão, terrorismo ou conluio com forças estrangeiras, com penas que incluem prisão perpétua.

Defensores da lei dizem que ela trará estabilidade para Hong Kong, depois de mais de um ano de protestos nas ruas da cidade, um importante centro financeiro da Ásia.

As manifestações começaram exigindo a retirada de um projeto de lei que previa a extradição de pessoas para a China continental, onde o Judiciário é controlado pelo Partido Comunista. A proposta foi abolida, mas os atos passaram a incluir outras demandas pró-democracia.

Houve cenas de confrontos nas ruas entre ativistas e policiais durante meses, com manifestantes usando táticas criativas, como estilingues gigantes, atos-relâmpago que se dispersavam rapidamente e bloqueios a estradas e ao aeroporto.

A China nunca esclareceu a extensão da repressão ocorrida em 1989. Oficialmente, foram registradas 300 mortes, mas grupos de direitos humanos apontam que milhares de pessoas podem ter sido vítimas das forças estatais.

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