EUA confirmam confisco de petróleo de navios iranianos rumo à Venezuela

Embarcações teriam sido enviadas por membros da Guarda Revolucionária do país persa

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Washington | AFP

O Departamento de Justiça dos EUA confirmou, nesta sexta (14), o confisco de quatro navios que teriam sido enviados pela Guarda Revolucionária do Irã com 1,1 milhão de barris de petróleo para a Venezuela.

A informação foi publicada pelo periódico The Wall Street Journal na madrugada desta sexta.

No dia 1º de julho, procuradores federais moveram uma ação em um tribunal americano para pedir a apreensão da carga das quatro embarcações iranianas.

O navio petroleiro Bella, apreendido pelos EUA por conter petróleo iraniano que seria levado para a Venezuela - Departamento de Justiça dos EUA/AFP

Segundo os procuradores, membros da Guarda Revolucionária, força militar de elite do Irã, estão por trás do transporte —a entidade consta na lista americana de organizações terroristas estrangeiras.

Citando uma fonte sigilosa, os representantes legais do governo apontam que Mahmoud Madanipur, ligado à Guarda, organizou as remessas de gasolina usando companhias offshore e transferências de embarcação a embarcação para driblar as sanções americanas contra o país persa.

A argumentação foi aceita em 2 de junho pelo tribunal, que autorizou o confisco da carga.

De acordo com um comunicado do Departamento de Justiça, o governo dos EUA "executou com sucesso a ordem de apreensão", que, segundo o Wall Street Journal, teria ocorrido no mar, ainda que nem o periódico nem o governo confirmem onde exatamente a ação aconteceu.

Os navios foram identificados como Bella, Bering, Pandi e Luna.

Especialistas ouvidos pela agência de notícias Reuters afirmam que o confisco só poderia ocorrer se os navios-tanque tivessem entrado nas águas territoriais dos EUA. A decisão pode, no entanto, levar outros países a cooperar na apreensão do combustível.

O Wall Street Journal afirma que, agora, os navios estão a caminho de Houston, no Texas, onde membros do governo americano devem recebê-los. O embaixador do Irã na Venezuela, Hojat Soltani, disse que o anúncio dos americanos é mais uma mentira da "guerra psicológica da máquina de propaganda dos EUA".

Segundo Soltani, "os barcos não são iranianos, assim como o dono e a bandeira da embarcação nada têm a ver com o Irã."

Desde a retirada unilateral dos EUA do acordo nuclear com o Irã, em maio de 2018, o governo Trump voltou a impor duras sanções contra a república islâmica. Caracas, aliada de Teerã, também é alvo de uma bateria de medidas punitivas de Washington, que considera o governo de Nicolás Maduro ilegítimo.

Em seu lugar, reconhecem o líder da oposição Juan Guaidó como presidente da Venezuela.

Mesmo com a pressão internacional, o ditador venezuelano permanece no poder, apoiado pelas Forças Armadas e por Rússia, China, Cuba e Irã.

Numa rara decisão contra um líder de Estado, os EUA anunciaram neste ano uma recompensa por informações sobre o próprio Maduro —o valor pode chegar a US$ 15 milhões (R$ 77 milhões).

Washington ofereceu ainda US$ 10 milhões (R$ 52 milhões) por informações sobre o número dois do regime, Diosdado Cabello, e sobre Tareck El Aissami, ministro do Petróleo.

Os parlamentares chavistas Luís Parra, Jose Noriega, Franklyn Duarte, José Brito, Conrado Perez, Adolfo Superlano e Negal Morales também se tornaram alvos de sanções americanas.

A Venezuela é muito dependente da renda gerada pelo petróleo, mas a produção do país caiu para cerca de um quarto de sua capacidade em 2008, e a economia local foi devastada por seis anos de recessão.

Segundo dados da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), a produção da Venezuela em julho ficou abaixo dos 400 mil barris diários, um nível equivalente ao de 1934.

Em meio ao colapso da indústria e das sanções dos EUA, a Venezuela, que costumava refinar petróleo suficiente para suas necessidades, teve de recorrer a aliados para aliviar a escassez de combustível.

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