Filho de ex-presidente de Angola é condenado por fraude e tráfico de influência

José Filomeno dos Santos 'Zenu' foi sentenciado a cinco anos de prisão

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Luanda | AFP

José Filomeno dos Santos "Zenu", filho do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, foi condenado nesta sexta-feira (14) a cinco anos de prisão por fraude e tráfico de influência durante sua presidência no Fundo Soberano de Angola, entre 2013 e 2018.

Ele e outros três réus, incluindo o ex-governador do Banco Nacional de Angola Valter Filipe da Silva, foram acusados de terem transferido ilegalmente US$ 500 milhões (R$ 2,7 bilhões) da instituição para uma conta do banco suíço Credit Suisse no Reino Unido.

José Filomeno dos Santos 'Zenu' cumprimenta jornalistas ao chegar ao Tribunal Supremo de Angola, em Luanda
José Filomeno dos Santos 'Zenu' cumprimenta jornalistas ao chegar ao Tribunal Supremo de Angola, em Luanda - Osvaldo Silva - 14.ago.20/AFP

Segundo a publicação angolana Novo Jornal, os acusados argumentam que a movimentação tinha como fim a estruturação de um fundo de US$ 35 bilhões (R$ 190 bilhões) para projetos de economia e a mantutenção de reservas para responder às necessidades cambiais do país.

O Ministério Público afirma, entretanto, que a operação era parte de uma fraude que teria desviado até US$ 1,5 bilhão (R$ 8 bilhões), segundo informações da agência de notícias AFP.

Em junho, a promotoria havia pedido sete anos de prisão para Zenu e dez anos de detenção para Silva.

Absolvidos da acusação de lavagem de dinheiro, o filho do ex-presidente foi condenado a cinco anos de prisão, e Silva, a oito. Os outros dois réus, António Bule e José Pontes, tiveram penas de cinco e seis anos de detenção, respectivamente.

Depois da saída de José Eduardo dos Santos da Presidência, em 2017, e a chegada ao poder de João Lourenço, a família do ex-líder angolano viu a influência que tinha ruir, já que o novo chefe de Estado despediu todos os parentes do ex-presidente em instituições, empresas públicas e órgãos de segurança.

Ainda que as ações de combate à corrupção em Angola sejam consideradas transformadoras, também são vistas por parte da população do país africano e por alguns analistas como um acerto de contas dentro do Movimento Popular de Libertação de Angola, partido há quatro décadas no poder.

Num país governado de forma autocrática até recentementeDos Santos liderou o país por 38 anos, de 1979 a 2017—, o cenário tem ecos do choque causado no Brasil pela operação Lava Jato.

A divulgação de documentos batizados de “Luanda Leaks” ampliou a pressão sobre a família do ex-presidente após papéis mostrarem evidências robustas de desvios de dinheiro público por Isabel dos Santos, 46, filha mais velha de Dos Santos.

Considerada a mulher mais rica da África, com fortuna de US$ 2 bilhões (R$ 10,82 bilhões), ela teria se apropriado de recursos do Estado em setores como petróleo, diamantes e telecomunicações, por meio de uma rede de empresas de fachada.

Isabel Dos Santos, filha do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos, durante entrevista em Londres - Toby Melville - 9.jan.20/Reuters
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